A Loba Romana

Meu pai, sempre muito bem humorado, fazia muitas reflexões sobre o governo. Esta é uma de suas melhores crônicas.

m b sobrino

A Loba Romana

Por H P Sobrino

Já contamos “estórias” de cães; gatos; sapos; cigarras, vamos-nos agora, divertirmos-nos com a da LÔBA ROMANA que era, pelas circunstâncias, de origem aristocrática.

Em quase vinte seis anos em Brasília dos nossos noventa anos, sempre tivemos curiosidade em saber qual a relação daquele bicho com a Capital do País, Brasília.

Quando passávamos pelo Palácio do Buriti, nos vinha a pergunta, mas, adiávamos para saber-lhe a resposta. De certa vez, nos vimos inclinados a perguntar ao “ZÉ” (Colunista José Carlos Vieira) do Correio Brasiliense que escreve humor levando tudo na brincadeira mas, antevendo sua resposta, desistimos. Com certeza ele nos diria, fazendo comparações, a LÔBA, nada mais é que o Erário Nacional, e RÔMULO e REMO, os políticos que continuam “mamando” nas “tetas” da LÔBA.

A história da Fundação de Roma está repleta de Lendas, inclusive quanto aos personagens centrais. Recuamos ao ano 753 A.C., quando da sua Fundação e vamos encontrar dois desocupados , sentados às fraudas de uma das Sete Colinas da região, RÔMULO e REMO.

Conta-nos uma das lendas que a Vestal¹ RÉIA SILVIA, se envolveu com o deus Marte, gerando um casal de gêmeos que se chamaram RÔMULO e REMO. Como não tinha condições para criá-los, seu tio AMÚLIO, usurpador do Reino de Alba, os entregou a um pastor de nome FAÚSTULO que, por sua vez, os deixou aos cuidados de uma LOBA, para alimentá-los com seus fartos úberes.

Os Semi-deuses, pois eram filhos de MARTE, cresceram e continuaram desocupados. RÔMULO resolve criar uma Cidade e, com uma vara, risca na terra, um quadrado e diz: é a minha Cidade! REMO, debocha e para mostrar a fragilidade das defesas da Cidade, de um salto, transpõe as linhas divisórias. RÔMULO, irritado, ataca e mata seu irmão. Roma cresce, mas, faltam-lhe habitantes. RÔMULO atrai os “vagabundos”, sem lar, para morar na Cidade. Quando falamos “vagabundos”, não nos referimos aos “aposentados da previdência” que fazem parte do “Clube” fundado por um ex-presidente da nossa República e do qual ele é “Presidente de Honra-Vitalício”. Aqueles de ROMA, perambulavam pelas cercanias da nova Cidade. Ainda, faltavam mulheres. Resolve RÔMULO, organizar uma festança e convida os habitantes dos povos das cidades vizinhas. No auge da festa, arruma uma confusão e rapta as mulheres e as filhas dos “SABINOS”². Isto, no futuro Romano, lhe trouxe constante guerra com aquele povo, as “SABINADAS”.

E ROMA cresceu, nada mais sabemos de sua história, qual foi o destino da LOBA.

Voltamos ao que seria a explicação do “ZE”, dela discordando totalmente. Os nossos políticos são um exemplo universal de comportamento. Não temos entre nós o que nos trazem as notícias do exterior. Corrupção só existe nos dicionários. De países que se dizem desenvolvidos nos vêm fatos estarrecedores. São seguidos e lhes dão os mais sofisticados nomes. Assim, desfilam: “Caixa dois”; “Mensalão”; “Mensalinho”; “Pasta Preta”; “Cuecas para passar dinheiro para o exterior”; Recursos desviados do Correios para campanhas: “Dinheiro repassados aos políticos provenientes dos bingos fraudulentos”. Essas ilicitudes se encontram em todas as áreas da administração. Juizes e Governadores aumentando os custos das obras públicas.

Entre nós. o que se torna difícil é não poder, por exigência Constitucional, que nossos políticos se candidatem à reeleição sem ter que se afastar do cargo que ocupam. Aproximando-se as eleições de outubro do ano corrente, encontramos dificuldades em convencer nosso Chefe de Governo para continuar, reelegendo-se. Na verdade deve estar muito “esgotado”. Atendendo aos Governos do Exterior, para onde leva o seu “talento”, sua vasta experiência de “Estadista” sim, de direito, pois nasceu em um Estado da Federação. Há, ainda, inconformados porque, para proporcionar-lhe, bem como, aos 180 “assessores” que o acompanham, um pouco mais de conforto, segurança e rapidez, mandou adquirir um aviãozinho a jato.

Há, ainda, os críticos aos “eminentes” representantes do povo nos “trabalhos” no Congresso. Não respeitam os “árduos” três dias por semana de “intenso labor” nas Comissões e no Plenário, onde sempre se registra uma total presença aos “trabalhos”. É de se lhes perguntar, que desejam daqueles a quem são pagos o “irrisório” salário de R$ 125.000,00 mensais e apenas 90 dias de férias (recesso como as chamam) e só 15 meses de subsídios?

O povo precisa entender que os recursos para atender essas “míseras” exigências têm origem nos impostos e taxas que, apesar de algumas reclamações, apresentam uma das mais baixas do mundo pois, em outros paises,, há muito, o aperto do cinto, já provocou o encontro do umbigo com a espinha dorsal.

Retornamos a nossa curiosidade. De quem partiu a idéia de colocar uma estátua da LOBA ROMANA frente ao Palácio do Buriti ? Não acreditamos que tenha partido de OSCAR NIEMEYER ou de LÚCIO COSTA. Prevalecendo a suposta resposta do “ZÉ”, nos vemos diante de uma grande injustiça, pois que deveríamos ter uma estátua da LOBA, frente a todos os lugares em que “labuta” a classe política, em todos os níveis da administração, federal, estadual e municipal e em todos os Três Poderes, como que, convidando-os para uma visita à LOBA, saciando-se em seus úberes.

Chegando ao fim desta “blague” podemos não ter agradado a muitos mas, nós nos divertimos bastante. Desculpamos-nos pelo abuso que fizemos das “aspas” e garantimos, creiam, não foi para despertar-lhes o antagonismo do significado.

Notas do editor:

¹ - Na Roma Antiga, eram designadas como virgens vestais («deusas do fogo») as assistentes da deusa romana Vesta.

Estas mulheres gozavam de uma situação social respeitável na sociedade e deviam manter-se castas sob risco de sofrerem punições (inclusive mortais).

Uma de suas obrigações era manter sempre acesa a chama sagrada do fogo do Estado no Templo redondo no Fórum Romano, sob a supervisão do Pontifex Maximus. O fogo neste altar representava a origem da vida e se acreditava ter vindo de Tróia, não podendo morrer. Castigos mortais seriam aplicados se a obrigação não fosse devidamente cumprida, pois seriam enterradas vivas ou precipitadas do alto da Rocha Tarpéia, no monte Capitolino, em caso de transgressão. A partir de certa idade, tendo servido trinta anos, a mulher podia escolher entre continuar como virgem vestal ou libertar-se das obrigações. Essas mulheres eram muito consultadas, sobretudo em assuntos políticos, por terem instrução e situação econômica favorável.

No Monte Paladino subsistem as ruínas da Casa das Virgens Vestais, ou Atrium Vestae, onde apenas mulheres podiam circular. No Império Romano, qualquer homem que fosse encontrado próximo da morada das virgens vestais era enforcado, e hoje o local é guardado apenas por guardas mulheres.

²- Os sabinos (sabini, em latim) constituíam uma tribo da região central da Península Itálica. Sua língua pertencia a um sub-grupo das línguas itálicas que incluía o osco e o úmbrio.

O território original dos sabinos, que englobava as atuais regiões do Lácio, Úmbria e Abruzzo, era conhecido como Sabinium em latim. Atualmente a área chamada Sabina constitui uma sub-região do Lácio, a leste de Roma, perto de Rieti.

ONYR BOSS
Enviado por ONYR BOSS em 01/05/2009
Código do texto: T1570851
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