Quando emergiu da toca úmida e estreita, o dia começava a raiar num cinza pálido, ainda sentia o gosto azedo do sono em sua boca, espreguiçou o corpo dormente, olhou o céu e contraiu um sorriso involuntário. Seus sentidos fizeram brotar a primeira fagulha de pensamento, só então ele nasceu. Inspirou forte o ar que o rodeava e deixou os pulmões inflarem-se depois de tanto tempo submersos em água. O início da vida lhe causava dor, ele chorou. Finalmente, percebeu a luz que fazia tudo existir, era o começo do mundo.