Moro em São paulo!! E agora? CAP. 18 Saindo da Realidade

Moro em São Paulo! E agora?

Capitulo 18

Saindo da realidade.

Estava completamente perdido. Mas ainda não tinha a noção que estava saindo da realidade por completo.

As minhas visões continuavam, dia após dia. Já tinha visto de tudo. Dinossauros, discos-voadores, cenas de desastres de avião se chocando no céu, vulcões e tornados se aproximando de casa e destruindo tudo.

Todas as visões me causavam certo pânico. Talvez a palavra “certo” não sirva tão bem nessa frase. O certo mesmo a dizer é: as visões me causavam pânico!

Mas as vozes me diziam que era tudo prova de deus. Estava sendo testado para vencer na vida. Loucura? Claro que é! E as vozes me faziam jurar que jamais iria contar nada a ninguém! Pois se contasse morreria.

Mas sempre questionava as vozes.

-Deus não gosta que use drogas! Como que Deus esta permitindo isso em mim? Fazendo testes comigo usando droga? Nunca vi isso!

Elas me diziam que Moises, o rei Davi e todos os homens mais “poderosos” na Bíblia foram testados assim, que as drogas abriam a mente para o mundo espiritual e isso não estava na Bíblia por que essa verdade apenas se revelava a pessoas especiais.

Na verdade mesmo, fingia que acreditava.

Tudo aquilo era uma esperança de mudar minha vida triste. Tinha tardes que minhas visões eram muito boas, na verdade nem chegava a ser nada. Sentava-se no quintal de casa e conversava com as vozes horas a fio, falava de tudo com eles, a gente ria, eu colocava musicas pra eles e cantava.

Sentia-me entre amigos. Amigos espirituais. Outra vez eles já não eram espíritos eram seres humanos que estavam me treinando. Eles sempre mudavam as formas. E nunca mesmo sabia direito quem era quem. Afinal eles nunca me disseram nomes.

Se apresentavam como Angel´s. anjo em inglês!

Eles me conheciam a fundo. Pois eu não precisava falar. Conversava com eles por pensamentos. Tudo que eu pensava eles sabiam.

E certa vez olhei para a parede e eles me disseram que iriam me contar a verdade sobre quem eram eles. Fiquei ansioso por saber. Ai a forma deles de jovens começaram a se transformar em demônios. Demônios vermelhos e chifrudos. Comecei a rir. Não fiquei com medo porque aqueles demônios tinham um formato muito tosco. Dava para ver que era mentira. Eles riram também da minha cara. Mas logo em seguida de demônios eles se transformaram na Camila e na Carol.

Meu Deus!!! Pensei.

Fiquei Horrorizado. Fiquei com ódio! Porque elas nunca tinham me falado. Afinal fazia três meses ou mais que estava tendo estas visões todos o dias. Elas agora sabiam tudo, tudo mesmo sobre mim. Fiquei envergonhado por saberem meus pensamentos.

E Camila e Carol riam sem parar.. e dizia:

-Não fica bravo Rafael!! A gente te ama!!!

Mas não agüentei.. Tamanha foi a raiva e comecei a xingar sem parar.

Ai as vozes riram e já não eram mais as minhas amigas. Tinham voltado à forma de jovens desconhecidos. Mas ai já era tarde, agora tava com medo de serem elas.

Corri na sala, peguei o telefone e liguei pra Camila e com toda raiva do mundo comecei a xingar ela.

-Camila sua vadia, onde você esta?

-Que isso Rafael? Que aconteceu?? To em casa!!

-Você não esta na sua casa Camila eu sei!!

-Claro que to. Quer ver? Fala com minha mãe aqui.. e passou o telefone para dona Cida, mãe de Camila.

-O que a senhora também sabe de tudo?? Não acredito em vocês! Tomaram que vocês morram!!

Desliguei o telefone com ódio.

Ai olhei para a parede e vi um monte de gente rindo da minha cara, o pior não era eles rirem. O pior que todo mundo que eu via era de São Pedro. Conhecia todo mundo. Tava todo mundo junto. Meu deus a cidade esta contra mim! Toda a cidade.

Comecei a chorar!

Logo mudaram a forma e disseram que eu era louco!! Que eles estavam brincando comigo e eu cai feito um patinho.

Fiquei mal... Mas não sei dizer como logo parecia que eu tinha esquecido aquilo tudo.

Mas depois desse dia mudou algo em mim. Comecei a acreditar que todo mundo ouvia e sabia o que eu pensava. Tinha medo de ficar perto das pessoas. Fugia de todo mundo.

Fechei-me mais que nunca dentro da minha casa.

Mas continuei a buscar mais e mais as vozes! Todos os dias eu comprava cola pra cheirar.

Minha rotina era sempre a mesma.

Minha mãe saia para trabalhar de manha e eu levantava e ia direto pro quintal ver meus amigos espirituais. Apenas parava de cheirar quando acabava a cola por volta das 5 ou 6 da tarde.

As vozes me prometiam tanto uma vida boa que eles se tornaram minha única esperança.

E assim que acabava a cola e o efeito dela passava não ouvia mais as vozes.

Voltava ser eu mesmo. O velho Rafael solitário.

LEO CAMPOS
Enviado por LEO CAMPOS em 30/04/2009
Código do texto: T1568112
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