O Algoz Brilhante
Faz alguns meses que, após longos dez anos, resolvi que já era hora de buscar uma rotina de atividades físicas, enquanto isso ainda me fosse possível. Eram tantas dores e incômodos. Que, num dado momento, fui em busca de todos os especialistas em corpo humano. E, felizmente, não encontrei nada de relevante e nem preocupante. Só os efeitos do tempo, da gravidade, dos hormônios, e todos os outros inimigos naturais do nosso corpo. Portanto, pensei! Já tenho tantos, pra quê arrumar mais um, criado por mim? Ou seja, a preguiça de me exercitar! Como já sabia todos os procedimentos que se antecipam à busca de uma academia. Resolvi todos. Procurei um médico, fiz exames de resistência cardiorespiratórios. Fiz exames da coluna, junto com os de praxe no laboratório. E lá fui eu até uma academia próxima da minha residência. Sempre fui muito alheia a toda essa busca pela beleza do corpo, que tanto nortea a vida das pessoas. De posse das minhas convicções. Marquei uma avaliação com o professor de educação física, e antes que ele me dissesse tudo o que estava "bombando". Fui logo direto ao assunto. Deixei claro que minha intenção era ter qualidade de vida e algum ganho postural. Visto que minha rotina de motorista, carregadora de bolsas, feiras e afazeres doméstico-administrativos do dia a dia, estavam me deixando em polvorosa. Até meu humor estava abalado. E isso não era nada bom. Visto serem os meus mais próximos, que acabavam pagando o pato. Bem, após tambem deixar claro que iria começar com uma rotina de três vezes por semana, para começo de conversa. Fui logo avisando, "não estou aqui pra competir ou pra ser avaliada pelo espelho", portanto, nada de exercícios pesados, pra endurecer aqui, outro pra inflar ali..E, após acertados os pontos e sanadas as dúvidas, iniciei o meu programa na semana seguinte. No princípio, muito alongamento, depois trinta minutos de esteira, e só depois alguns movimentos com pesos. Até aí, tudo ótimo. Não fossem os danados dos músculos viciados, que a cada série de exercicios, iam demandando por mais e mais cargas. Achei tudo aquilo absurdo! Logo eu, que sempre fui consciente dos meus limites. Agora, estava sendo comandada por essas criaturas insaciáveis? Comecei a questionar, todas as vezes que o professor mudava minha série. Enquanto isso. Meninas, adultos jovens, idosos e todos os perfis possíveis e imagináveis. Se jogavam numa rotina alucinante de exercícios, que dava dó! Eram gritos, grunidos e gemidos, que mais pareciam pobres condenados numa sala de torturas medieval. Aquilo tudo me incomodava. E lá estava ele. O danado do espelho. Dando sua opinião a cada pose feita por cada uma daquelas bravas criaturas passantes. Pra fim de conversa! Descobri uma maracutaia dos músculos com o espelho. Portanto, pra não perder o meu objetivo inicial, decidi passar bem longe desse "Algoz Brilhante"!