Primeiros Sinais
- Menino!
- Menina!
- Menino!
- ME-NI-NA! – Exclamou Luciana.
- Quero um menino, para vesti-lo com as cores do meu imortal tricolor.
- Nada disso, Luis Fernando. Prefiro uma menina, para poder enfeitá-la com laçarotes, babados e vesti-la com lindos vestidos...
- Lu, querida – falou ironicamente o marido – já passaste da idade de brincar de bonecas!
- O quê?! Estás me chamando de velha, Luis Fernando? É isso? Eu sou velha demais pra ti?
- Não, não. Não foi isso que eu quis dizer... – Complementou, tentando amenizar a situação.
Luciana olhou-o emburrada, fez beiço e afastou-se do marido. Estava chateada, esperava um pedido de desculpas ou, ainda melhor, um elogio. Em poucos segundos suas preces foram atendidas:
- Tu sabes que eu te acho linda, a mulher mais linda do mundo...
O coração de Luciana derreteu no mesmo momento, sua voz voltou a ser meiga e doce:
- Jura?
- Juro!
Eles riram como dois namorados adolescentes, trocaram carinhos e beijos.
- Teremos uma linda menina então. – Cedeu Luis mais uma vez, para a felicidade da esposa.
- Sim, uma princesinha. Com cabelos lisinhos...
- Lu – interrompeu Luis Fernando - meu cabelo não é muito liso e o seu só é assim por causa da escova progressiva, esqueceu?
Luciana fingiu não ouvir e continuou:
- ... bem pretinhos...
- Luciana, eu sou loiro!
- Os olhos escuros...
- Lindos como os seus – babou o marido.
- Bem puxadinhos, rasgadinhos.
- Rasgadinhos?
- É rasgadinhos, estilo oriental – ela explicou.
Luis Fernando caiu na gargalhada, sem perceber a maldade da esposa, debochou:
- Essa criança parece com o dono da mercearia ali da Av. Presidente Vargas, sabe?
- Sei sim. – Concordou Luciana, rindo encabulada.
- O japonês... – acrescentou o marido.
A esposa então corrigiu:
- Ele é chinês!
- Ah! Sabe como é, meu amor, chinês é tudo japonês.
Ela suspirou:
- Ah! Mas não é mesmo...