Diálogo Virtual
Buzinas. Gritos. Choro incessante de crianças. Cachorro latindo. Gritos. Falatórios.
Gargalhadas. Silêncio. O som rítmico do relógio. Falatório. Cachorro. Gato. Buzina. Gritos. Sirenes. Silêncio. Escuridão.
Rolo de um lado para outro da cama, não consigo dormir. O som do relógio me angustia. Acendo a luz. Segundo comprimido de clonazepam. Agora 4 mg me farão dormir.
Incomodo. Angustia. Impaciência. Tenho algo a escrever que não sei o que é. Se levantar e acender a luz não vou dormir mais.
Gritos. Risos. Bichos. Buzina. Em meio a esse caos uma voz quer falar. Eu tento ouvir, mas é impossível.
Troco de posição novamente. O relógio me informa que são 4 da manhã, já fazem horas que tomei a primeira dose mas o sono não vem. Tem algo dentro de mim que precisa sair antes de eu dormir. É vital.
Não tenho lápis nem papel próximos à cama.
Tapo-me com o edredom, tapo meus ouvidos, mas o silêncio total me incomoda. Preciso de barulho. Ligo o ventilador próximo à cama, só para fazer barulho mesmo.
A voz não sai da minha cabeça, ela me fala o que tenho para escrever, mas não consigo compreender, em meio a tantos outros sons.
Concentro-me no som do ventilador, outro ritmo, o sono não vem.
Levanto ligo o computador. E estou aqui digitando. Nada possui nexo. Gotículas de chuva caem no meu telhado. Nada possui nexo!
Agora que estou aqui de frente para o teclado a voz se calou. Todos os barulhos pararam. Até o relógio parou de me incomodar.
Tomo a 3ª dose do dia, pelo visto não vou acordar tão cedo... Se dormir com essa adrenalina que estou.
Não faço a menor idéia de onde esse texto vai parar, nem para que vai servir.
Só sei que eu levantei e a minha inspiração para escrever ficou na cama. Voltei a deitar na vã expectativa dela voltar, e nada.
Estou aqui de volta, ainda não sei fazendo o que...
Digitando um monte de caracteres que juntos formam letras e delas palavras, frases, textos.
Eu sei que o que eu tinha a escrever está aqui dentro, em algum lugar. Só não sei onde encontrar.
O sono chegou. Não sei se pelas doses cavalares de remédio. Não sei se foi que eu escrevi isso. É sem nexo sem sentido, mas é meu. Agora vou reler para dar um titulo.
Legal... Para não dizer outra coisa.
Levantei da cama, liguei o computador, apenas para escrever como é não dormir, e quando faço isso me dá sono... De tão interessante que o texto ficou.
Já sei que nome dá!
Será diálogo, é a primeira vez que falo comigo através do computador!
Agora vou dormir.