Moro em São paulo!! E agora? CAP. 04 CICATRIZ

Moro em São Paulo! E agora?

Capitulo 04

Cicatriz

Fazia um certo tempo que eu não saia de casa.

Estava deprimido!

Com meus 17 anos a minha vida tava perdida e descontrolada demais. Há duas semanas havia me decidido largar as drogas e mudar totalmente. Comecei a ir numa pequena igreja evangélica perto de casa.

Todo dia, ia eu pra igreja, feliz a certo ponto. Dando glorias e aleluias para Deus. Afinal sem sombras de duvidas e muito alem de religião, Deus é digno.

Meu não acredito que faz duas semanas que não fumo um baseado, nem saio com meus amigos, to com saudade dos meus amigos. Pensei comigo. Talvez essa noite eu saia, fumar eu não fumo, mas quero ver meus amigos. Pensava.

Peguei o telefone e disquei para Camila, minha amiga e companheira de bagunça em sala de aula, em baladas, em tudo... A gente fumo nosso primeiro baseado juntos.

_Camila? Oi é o Rafa! Tudo bem?...É to meio sumido mesmo... tava indo pra igreja... pois é...então.. Sabe por que to te ligando? Você vai pra escola hoje a noite?.. hum... ai então passa em casa porque quero ir também... Faz duas semanas que não vejo ninguém... Tá te espero. Desliguei.

As seis e meia da tarde estava pronto, esperando Camila passar em casa. Ela chegaria por volta das quinze para sete.

Logo ouvi o assobio. Era assim que ela me chamava em casa, com um mero assobio.

-Tchau mãe, to saindo!!

Sai correndo abri a porta e la estava Camila...fomos indo em direção pra escola, como de costume paramos atrás do cemitério, ela acendeu uma ponta de um baseado, deu umas tragadas e me ofereceu.

-Não obrigado! Eu estava realmente decidido a não fumar, não era certo fazer aquilo com Deus. Pensei. Afinal as ultimas semanas Deus me deu um pouco de felicidade.

Camila então terminou de fumar e continuamos em nosso caminho.

Fomos conversando normalmente, ela me contava os últimos acontecimentos, eu não tinha o que contar porque meus últimos dias foram “iguais”. E outra, mesmo que eu tivesse matado alguém, ou tivesse conhecido alguém famoso, Camila nunca ia parar e ouvir minha historia. Esse era o defeito dela, não me ouvia.

Chegamos a frente à escola e paramos na Praça Santa Cruz, todo mundo se encontrava la, ela fica bem em frente a escola, de sexta feira lota, todo mundo mata aula pra ficar la. Chegamos e la estava alguns caras que anda com a gente, Marcelo, Ricardo e Torão. Cumprimentamos e sentamos do lado deles, ficamos por la fazendo hora. Da li a pouco chega Thais e Célia e fica junto à gente também. Marcio veio logo atrás acompanhado de Patrícia sua namorada. Todo mundo falava alto, ria... fumava um cigarrinho...e eu tava ali no meio.. tentando fazer parte daquela turma, afinal ninguém ali era gay, e nem sabiam que eu era gay, pelo menos não sabia pela minha boca.

Nem todos, mas alguns dos caras que ali estava eu percebia que eles tinham um certo receio de falar comigo e ficar mal falado na cidade.

Logo então apareceu a melhor amiga (amiga mulher) de Camila, a Carol.

Camila quando a viu deu um grito: Carol você vai ao churrasco na casa do Paulão hoje?

Carol respondeu logo que não iria, pois tinha que entrar pra escola, deu alguns passos em direção a escola e voltou atrás no que disse afinal churrasco era sempre bom, ainda mais na casa do Paulão, regado de maconha, cerveja e as vezes ate cocaína.

-Aí, Camila decidi ir sim... Ehhehe.. Riu meio sem graça.

Todos enrolaram um pouco mais por ali..Thais e Célia entrou realmente para escola.

Eu já fazia um certo tempo que havia abandonado de vez os estudos.

Então o restante disse: VAMOS?

Todos se levantaram e simplesmente disseram!

-Falou Rafael!! A gente se vê!

Eu fiquei em choque no momento, será que ninguém vai me convidar pra ir junto, Camila??? Cadê a Camila?? Ela.. ãn.. ela já ta indo na frente fofocando com a Carol.

Ai.. Ela olhou para trás, ta me procurando...ufaaa...respirei aliviado.

To aqui Camila. Pensei.

Camila me olhou, sorriu e me deu um tchau.

Todos se foram! Todos foram para o maldito churrasco na casa do Paulão.

Eu fiquei sentado sozinho, olhando todos de costas para mim, sorrindo, brincando, enfim... Senti o rosto formigar e a ficar quente. De repente sinto uma lagrima escorrer pelo meu rosto, eu continuei imóvel, somente lagrimas rolando.

Levantei-me então e comecei a caminhar lentamente em direção a minha casa.

Abri o portão, entrei em casa minha mãe estava na sala vendo a novela das sete.

-Ué?? Já voltou Rafael? Percebendo que algo havia acontecido perguntou: que foi?? O que aconteceu??

Não tive forças pra contar, cai de joelhos, com todo peso daquela imensa dor...chorei...chorei....minha mãe assustada veio ate a mim correndo e me abraçou, ficamos ali ajoelhados e chorando juntos...sei que minha mãe sentiu minha dor.

Neste dia senti meu coração se rasgar ao meio.

E nele ate hoje fica essa marca, essa cicatriz.

Meu passado foi doloroso.

LEO CAMPOS
Enviado por LEO CAMPOS em 17/04/2009
Código do texto: T1544012
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