Moro em São paulo!! E agora? CAP. 03

Moro em São Paulo! E agora¿

Capitulo 03

Perdido nas incertezas

Puta frio na barriga!

To com medo, não da cidade, nem de não encontrar a pensão...é estranha a sensação, to pensando demais na minha mãe, enquanto não dobrei a esquina ela não entrou e nem parou de me dar tchau...tadinha.

Ana mais uma vez ficou sozinha no mundo.

-Moço, por favor, como faço pra chegar ao Sacomã¿ perguntei ao guarda rodoviário.

-Você pega o sentido Jabaquara, vai ate a Sé então pega a linha vermelha sentido Itaquera, desce no Dom Pedro, sobe pela passarela, pega o ‘fura fila’ e enfim sentido Terminal Sacomã.

-Ah...Ob..obrigado!

To perdido, não entendi nada, só Jabaquara.

To mais ainda perdido nas incertezas do meu futuro.

Meu... quanta gente. Ninguém nem olha na minha cara. To começando a ficar feliz. Comprei o bilhete do metro e La vamos nós, sentido Jabaquara. Coloquei o fone de o ouvido, [Fix you-Coldplay]. Essa musica sempre me faz bem.

Olhando vidro a fora do metro, começo, a olhar a fundo a cidade de São Paulo, olhando de perto ela não ta tão bonita como via na TV, mas é aqui que quero viver.

Se tudo der certo, consigo um emprego no primeiro mês. Peguei 04 parcelas de seguro desemprego no valor de R$385,00. É pouco, mas me ajuda, vou pagar 250,00 paus pra dividir um quarto com um estranho. Tudo bem também.

Apesar de me preocupar o fato de ser gay.

Cheguei rápido na estação da Sé, enorme por sinal. Pra que lado eu vou¿ As malas estão começando pesar, levo comigo duas malas de Mao e uma mochila nas costas. Ta pesado demais e eu nem sei onde estou. Vou perguntar novamente a alguém.

Uma estação depois, desci no dom Pedro, foi fácil encontrar o ‘ fura fila’, mais fácil ainda terminal Sacomã, pois no fura fila apenas tem dois sentidos, terminal mercado e Sacomã.Quando cheguei ao terminal o combinado era ligar pra Celma, a dona da pensão. Liguei e quinze minutos depois La estava ela. Uma senhora gorda com voz aguda, muito simpática.

-Então¿ vamos pra casa garoto¿ disse Ela sorrindo.

Casa. Meu Deus. CASA.

A pensão se situa na Av. Estradas das Lagrimas, nome lindo esse, adorei.

A pensão é um sobradinho antigo, pintado de amarelinho e já descascando. Entramos, no sofá um velho dormindo de boca aberta, um dos moradores da pensão. Celma ia me dizendo sobre o conforto da pensão.

- Temos TV a cabo, internet... a vontade, e de graça! De graça porque se trata de ‘gato’...HAHAHA... Soltou uma sonora gargalhada. Olha sobre o telefone você pode usar, mas depois cada um paga o que usou, funciona assim, você nunca disca, ele fica trancado e quando for ligar me fala que disco e anoto aqui nessa agenda o numero que você ligou, quando a conta chegar eu sei quanto cada um tem que pagar... Entendeu¿

Celma enquanto dizia as regras do lugar, foi me levando até o quarto que iria começar a morar.

O quarto era pequeno e escuro, mas dentro dele estava bem distribuído três camas, uma beliche e outra de casal. Celma me explicou que a cama de casal dormia seu filho Renato, na cama de baixo João, o velho que dormia boquiaberto no sofá. Ela mostrou duas gavetas da cômoda que ficava ao canto, era La que guardaria minhas roupas, pelo menos parte delas, o resto ficaria dentro da mala.

O quarto fedia meias sujas, misturado ao fedor das paredes mofadas.

Deixei minhas malas num canto, desci tomei um banho e estava ansioso para viver a nova vida que Deus me dava a partir daquele 30 de julho.

Após o banho fui servido com uma xícara de café quente e biscoito de polvilho.

Sobre a pia da cozinha havia uma pilha de louça a ser lavada. Celma se dirigiu a pia e enquanto fazia sua tarefa me perguntava o porque de fazer a loucura de morar numa cidade tão violenta e caótica de São Paulo.

Mal sabe ela que caótica era minha vida em São Pedro.

Terminei meu café e cansado das perguntas de Celma, me retirei e subi para deitar um pouco. Estava cansado da viagem. Era 16h48min da tarde....dormi...acordei estava escuro. Desci do beliche para acender a luz, mas a acenderam antes.

Um cara magro, branquelo, com cabelos lisos ate a metade das costas. Vestia um, sobretudo preto, calças pretas e coturno militar e na camiseta estava escrito em letras vermelhas a palavra VIL. Um gótico típico.

Ele se assustou ao me ver de pé ali. Mas logo notou que se tratava de mais um estranho a morar ali com ele. Soltou um mero ‘e aí¿’ se jogou na cama de casal pegou o livro SETIMO de Andre Vianco e se pos a ler. Este é Renato, filho da Celma.

Olhei no relógio passava um pouco das oito da noite. Realmente tava cansado. Desci e La estava Celma preparando o jantar.

E eu não queria ficar ali na pensão. Perguntei onde poderia tomar uma cerveja e Celma disse que ali só tinha boteco perigoso para um rapaz como eu. Me chamou de viadinho praticamente.

- Celma é muito difícil eu chegar na Av. Paulista daqui¿

- Não. Claro que não! Vai ate o terminal aqui, e pega um ônibus que passe no metro Alto do Ipiranga, ai você pega o metro e desce na estação Trianon, ou Brigadeiro ou ate mesmo Consolação... Depende de que altura queira ir.

Av. Paulista aqui vou eu!!!

Tomei outro banho e antes de me vestir, fiquei olhando meu corpo nu no espelho. Meu corpo magro, braços longos, meu rosto marcado por muitas desilusões, meus lábios, meus olhos negros levemente tristes e meus cabelos pretos e alisados... Olhava-me como uma despedida.

Despedia-me do Rafael.

A partir daquele dia nascia outro... Um novo Rafael... Vesti um jeans, meu All Star e minha camiseta preta com a estampa do Laranja mecânica.

Então sai em direção a minha nova vida, em direção a famosa Av. Paulista e da noite da cidade que nunca dorme.

LEO CAMPOS
Enviado por LEO CAMPOS em 16/04/2009
Código do texto: T1542427
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