As Janelas da Alma
Se os olhos são as janelas da alma, logo, janelas vistas de fora, podem nos revelar segredos. Assim sendo, o que alguém tem dentro de si, está revelado no olhar. Com base nesse raciocínio lógico, porém, não necessariamente matemático, visto não ser o meu forte, fico a pensar em quantas almas existem na face da terra. Isso mesmo, se almas são seres viventes, penso em quantos olhos podem revelar todas as formas de sentimento. Seres humanos e animais, podem passar para nós uma série de informações a respeito de si próprios. Para citar alguns exemplos. Sabemos quando têm medo, quando têm fome, quando têm dor, quando estão tristes, quando estão alegres, e a lista não é pequena. Tanto que existem pesquisas voltadas para o estudo das expressões faciais das pessoas a partir do olhar, seja na área criminal, profissional ou dentre outras mais ou menos importantes, onde se julgue necessária tal forma de avaliação. E quê dizer das almas viventes que não tem olhos para mostrar como janelas, todas as suas emoções, ainda que comprovadamente não as tenha? Me refiro às plantas e toda a vida verde do planeta. Por quê tal observação? Explico! Aqui na minha cidade criou-se um projeto, que consiste em conscientizar cada cidadão, da importancia da preservação do meio ambiente por meio do cuidado individual ou em grupo, de uma determinada área, do bairro ou rua onde moram. Pois bem, não sei se em parceria com tal nobre ação, alguém resolveu colocar olhos nas árvores dos canteiros centrais das principais ruas da cidade. Algo percebido por minha filha pequena, e que, tomada de grande emoção exclamou! -Olha só aquela árvore triste mamãe! Pensei tratar-se de um vegetal em estado terminal por falta de rega e cuidados. Quando ao parar num sinal, pude observar enormes pares de olhos, voltados para baixo, numa expressão que denotava mesmo tristeza. Fiquei comovida com tal visão. E ao mesmo tempo feliz, por existirem pessoas humanas preocupadas com a condição de tais criaturas inanimadas, que, por não terem janelas, jamais poderiam se revelar e alertar-nos para suas necessidades, que por fim, acabam sendo nossas também.