O METEOROLOGISTA
Antiles chegou tarde, olhou a mulher na cama, coitada, cada vez mais magra, mais velha, ao lado da cama, sobre o criado mudo a dentadura de Marcinha parecia trazer um sorriso sólido. Foi a cozinha onde encontrou sobre o fogão um pedaço do peixe com um arroz sem sal que tinha sobrado do almoço.
Não ligou a TV, não queria acordá-la ou sabia que não iria ver nada de interessante.
Há dez dias Dito tinha ido prá Salvador, trabalhar na oficina de Jordão em Ondina e era a primeira vez que parava prá pensar no assunto, seu filho já era mesmo um homem. Marcinha ainda chorava muito e sempre, às três da manhã ele acordava com o soluço disfarçado, fazia que dormia mas sempre se incomodava.
Deitou-se lentamente, mas Marcinha acordou e lhe fez a pergunta de sempre:
- E aí??
- Chove no domingo.
Virou-se e dormiu.