O METEOROLOGISTA

Antiles chegou tarde, olhou a mulher na cama, coitada, cada vez mais magra, mais velha, ao lado da cama, sobre o criado mudo a dentadura de Marcinha parecia trazer um sorriso sólido. Foi a cozinha onde encontrou sobre o fogão um pedaço do peixe com um arroz sem sal que tinha sobrado do almoço.

Não ligou a TV, não queria acordá-la ou sabia que não iria ver nada de interessante.

Há dez dias Dito tinha ido prá Salvador, trabalhar na oficina de Jordão em Ondina e era a primeira vez que parava prá pensar no assunto, seu filho já era mesmo um homem. Marcinha ainda chorava muito e sempre, às três da manhã ele acordava com o soluço disfarçado, fazia que dormia mas sempre se incomodava.

Deitou-se lentamente, mas Marcinha acordou e lhe fez a pergunta de sempre:

- E aí??

- Chove no domingo.

Virou-se e dormiu.

David Souza
Enviado por David Souza em 14/04/2009
Código do texto: T1538026
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