Eu! Pela minha vizinha.
Alguém me pediu para falar a respeito da minha vizinha, mas não é fácil, porque ela fica só me espiando e pouco sei dela.
- Droga! Sempre me esqueço de comprar um óleo para passar nesse portão. Nem eu não agüento mais esse range-range. Daqui a pouco o nariz da minha vizinha destrambelhada aparece na janela.
- Ih! O que foi que eu disse? Olha lá ela... Não deve ter nada para fazer mesmo. Porque será que não vai assistir novela, sei lá.
- Pss psss pssss, venham aqui, meus amorezinhos! Meus gatinhos da mamãe.
E ela continua me espiando... Eu acho que ela é meio fora da casinha. PLÉIM PLÉIM PLÉIM!
- Nossa! Preciso colocar uma lâmpada aqui na porta. Não enxergo nada e lá se foi o vaso com os meus gerânios. Ih! Olha lá, olha lá, olha lá! Ela está roendo as unhas... será que tem alguma coisa no pátio? Acho que não, mas porque será que quando olho ela sai da janela?
- Januário?? Cadê você amor? Já preparou a janta?
- Estou aqui no porão, Gorete.
- O Tito está aí contigo?
- Não, não vi o Tito o dia inteiro hoje, nem o Caubi, e pensando bem, nem a Azaléia.
- Vai ver foram caçar na casa da vizinha! Ela está lá espiando a gente de novo.
- Relaxa, Gorete, aqui no porão ela não pode ver a gente.
- Hummmm! Que cheiro bom Januário, o que você está aprontando aí?
- Ensopado. Daquele que você gosta tanto!
- Ai, Januário você é maravilhoso.
- Eu acho que é a vizinha que dá sumiço nos seus gatos.
- E porque ela faria isso, já que ela tem aquela gata nojenta chamada Pompom?
- Sei lá? De raiva, talvez. Hum, mas esse cheiro está muito bom.
- Experimenta um pedacinho, isso, agora degusta e sente que sabor diferenciado!
- Nossa, Januário, você se supera, que carne é essa hein?
- É uma iguaria secretíssima...
- Será que a vizinha está ainda na janela?
- Come, Gorete, come!