No silêncio da noite
Olhou o relógio: 3 horas da madrugada. Virou o corpo na cama. Olhou o teto. Passou uma das mãos no rosto suado e procurou não pensar. Tentou combinar com o silêncio da madrugada. Ainda assim, ouviu o som da hora. Mais uma noite em claro na companhia da "amiga" insônia, que sempre trazia a irmã "solidão".
Jorge não sabia ao certo há quanto tempo vivia em cada madrugada uma "aventura" diferente, para um público formado pelos que nunca dormem. Personagens batizados, como Lula, uma lagartixa que insistia em fazer de Janjão, um besouro, seu jantar. Já Pedrão, um sapo, nem sempre agradava com a "serenata" de uma nota, e uma letra, só.
Jorge também convivia com os fantasmas da hora. Vultos que insistiam em permanecer entre o real e o imaginário.
Assim como os visitantes do passado. Cada um trazia seu momento e cada rosto proporcionava uma emoção diferente.
Ao som do tik-tak, Jorge virou o corpo e olhou para o espaço vazio na cama. De repente uma figura toma forma. Traz consigo um perfume. A realidade do pensamento proporciona a lembrança de uma poesia que nunca foi terminada. Algo com um sabor amargo provoca a sensação de vazio. Jorge engole um seco.
Volta a olhar para o infinito do teto. Tenta se distrair com o luzeiro refletido, algo como se um conjunto de astros particulares.
Vive o momento.
Se sente, mais uma vez, fraco e impotente diante daquela que tem sido a juíza de sua consciência pesada. Só vive...Vive..........e dorme (ou morre?)