Ruas da felicidade
O rumo da vida é decidido pelas escolhas, todos tem seu modo de ver os espaços que o mundo oferece, eu observava meus espaços da forma que me convinha, nem sempre me julguei esperto e tão pouco inteligente, minha maior esperteza me levou a descobrir que sou tão pequeno quanto a formiga e tão pobre quanto a barata.
Às vezes o vento gelado do inverno dói meus ossos, mas o que infecta minha alma são as percas que tenho que encarar todos os dias no espelho se torna frio meus olhos tanto quanto a geada, num curto espaço de tempo reflito sobre tudo e percebo que tudo não existe e que o resultado do nada se mostra na face do espelho.
É fácil para mim me esconder basta uma garrafa de água quente, uma cumbuca de chimarrão, um sentimento de ser amado por alguém, não a culpa uma vez que todo ser humano depende de uma química que o celebro produz, eu dependente do amor do próximo, carente por essência e solitário por escolha.
É fato a loucura de andar por um caminho a fim que este tenha um fim mesmo sabendo que na morte ainda estarei no meio do caminho, pois é sem fim, então quando isto acontece tento somente policiar meus pensamentos, minhas vontades para que ela não se torne resultado de fuga, falo de mim, e sempre foi fácil eu fugir dos meus sentimentos minhas realidades com meus pensamentos e sonhos irreais.
Se o propósito de viver é se encontrar contigo mesmo ou então obter a felicidade, não sei o que me alivia se é acreditar num propósito mesmo eu não sabendo qual, me trás esperança ate mesmo em dias de chuva.
As raízes da minha alma foram arrancadas um dia, então desprendi do mundo e de suas paixões, e num domingo de sol de sol forte, sabe aqueles dias que você mesmo parado seu corpo físico soa, então foi nesses dias eu andando pela Avenida Dom Pedro I, o alto do numero 12020 em frente um motel elitizado, onda havia uma calçada seguindo sentido meus passos na minha lateral tava harmonia os formosos pés de Ipês roxos meio rosado, meus sentidos e pensamentos estavam concentrado no silencio do mundo e na sinfônica harmonia das musicas que tocava em meu MP3, percebi que era mentira o que havia contado para mim, pois tinha MP3, computador, tênis de grife e tudo que a tecnologia podia me oferecer e novamente veio uma reflexão: o que é importante, ser desapegado ou ter a matéria e se sentir desapegado, pois se for sentir creio que escolhi o caminho certo, agora se for ter creio que o monge habita longe de meu espírito, e toda confusão interna foi busca minha. Quantas vezes eu acreditei que escrevendo teria eliminando minhas revoltas, minhas agonias, pobre de espírito me apresento e o que sobrou foi isso uma calçada uma coberta amarela com bordas marrom, papelões e um “dog” somente um “dog”, uma garrafa de cachaça amarela que trás no rotulo que foi produzida no sul de Minas Gerais, mas ainda continuo a acreditar que esta pinga foi destilada pela Senhora que me vendeu talvez ela faça isso no quintal de sua casa. Agora já não há mais MP3 meus pés são inchados sem a tecnologia que tinha no passado, sem nada a não ser um “dog”, percebo que não consegui me desprender das paixões mundanas, pois ainda me seduz observar as nadigas que são ressaltadas pelas saias coladas das crentes quando passam na minha frente em rumo ao culto.
Leviano são o globo e suas ideologias, exprimem os seres, forçam o ser o coagindo a ter as mesmas idéias alienatárias, capitalistas, consumista! Berro pelas ruas essas coisas e me chamam de louco mendigo, não sabem que fui criado em berço de ouro, morrei na rua Inglaterra, perto da Avenida Itália, no Jardim das Nações, a casa era grande espaçosa, tínhamos copa, sala de jantar, piscina para se refrescar AM dias de calor, meu pai era um medico culto e devido sua busca por um intelecto avantajado tínhamos uma biblioteca, cresci escutando historias de Monteiro Lobato, Fernando Pessoa, Machado de Assis, aprendi a gostar de literatura, cultura exótica, lembro-me bem que uma obra que me chamo atenção foi “O alienista” depois aos meus dezesseis anos projetei toda aquela identificação com a obra para meu pai o que me trouxe grandes magoas e restrições. Minha mãe era um perua de sociedade não fazia nada que não fosse relacionada a comprar e a ir na academia e claro dar ordens a Dona Amélia nossa secretaria do lar, essa por sua vez era uma pessoa de poucas habilidades com leitura escrita, mas rica na arte de ser mãe, por muitas vezes desejei que o carrinho que recebia dela fosse o da minha mãe, claro! Minha mãe tinha qualidades e percebo isso somente agora, pois na época estava dominado pelo espírito anarquista, socialista, anti-capitalista, muito por influencia das obras de Karl Marx, principalmente “O Capital”, não aceitava minha condição financeira, os desperdícios, as compras desbriadas de minha mãe, as viagens luxuosas no fim de ano que muitas vezes não quis ir.
Quando fiz vinte anos resolvi contrariando meu pai estudar serviço social me aprofundar para quem sabe depois fazer sociologia, ele me falava que isto era ciência de passa fome e que toda família tinha sido medica, que eu deveria ser medico, sempre tive um pensamento:
Do que adianta ser medico, receitar remédios ou fazer cirurgias, salvar vidas em ultimo caso, e termos uma sociedade doente, acreditava que era preciso tratar a sociedade e seu espírito morto, para depois cuidar da parte física.
Mais este não vem ao caso, o caso é que devida minha rebeldia, meus desencontros, hoje sou morador de rua, peço comida para não morrer de fome e um dia quando quis me desligar do mundo nunca imaginei que o mundo se desligaria de mim, hoje nesta calçada vendo os carros passar percebo que poderia ter tido tudo, mas não quis porque iria corromper e romper com as minhas crenças com tudo que lutei para ter e acredite roube do homem o que ele tem, mas não a de levar sua ideologia, não aceitei isso e no fim mesmo com todas as minhas confusões mentais ainda consigo ser feliz.
O por do sol é radiante, o asfalto brilha sem que ninguém note, em dias comuns pessoas comuns andam pelas gigantescas Avenidas, sem notar as próprias sombras ousadia seria eu acreditar que eu seria notado por elas, minhas mazelas são os retratos em negrito e branco com toque de grafite sintetizando com as nuvens de verão, os passos das pessoas são largos como um rio sem domínio, eles se vão sem notar as folhagens e a brisa criada pelo agito das águas.
No fim toda pureza, todo amor, toda nobreza, toda cultura, satisfação momentânea, são miragens para quem tem como argumento a alegria de viver e ver o valor do divino no não conseguir, no conquistar e sim no apreciar não mais como um Homem e sim como um ser Humano e assim sigo neste mundo paradoxal selvagem sinistro e belo como uma pintura de Pablo Picasso, sigo o caminho da rua da felicidade.