Tarde de Segunda-feira.
Dona de casa sempre atenta, cumpridora de seus deveres como mãe e tudo mais; mas cansada...
Toma um banho, se arruma, se perfuma... E prepara-se para sair.
Os filhos, já adolescentes... um  jogando Travian; outro vídeo game, olham.
O menino diz:
- Mãe, a calça esta linda, tem certeza que é calça para mães?
A menina diz:
- Ei mãe, você vai sair e ainda bonita...
O pai vai chegar e ficar brigando com a gente...
A mãe já há muito deixada de lado... com a paciência no "calcanhar", cansada de fazer tudo direitinho, sem se quer olhar para os lados...
Resolve sair, mesmo sob protestos... dos rebentos que há muito sempre deu a vida; sacrificou a vida profissional e acabou-se... apenas para manter a família unida e em nome dos bons costumes... ser boa esposa, boa mãe... mulher exemplar.
Boa mãe, com  certeza, sempre! Boa esposa; também! Já se cansou de ouvir comentários do tipo:
- homem feliz tem uma esposa como ti! Quem me dera...
Este é um verdadeiro trouxa!
Nem sempre a esposa é a "mulher"...
Pode ser uma "mulher exemplar"... mas para mim mulher é outra coisa... Não aquela que você passa para o seu nome e se acha dono dela, e ela tem que cumprir regras, obrigações... e não ter vida própria.

Ela sai. Vai pagar uma conta, vai ao mercado... E... Precisa voltar.
Na volta... Pensa que gostaria que o próximo quarteirão tivesse 30 quilômetros... E... Passa por ele e continua seguindo, não volta para a casa.

Vai até ao shopping (mesmo odiando Shopping, não tem paciência para ver vitrines)...
Passa na Zen; conversa com Wladimir...
Sai, com desculpas que tem um compromisso, na verdade quer ficar só com seus pensamentos...
Entra numa doceria e vai comer um pudim de leite, que adora!
Olha as horas: 21h00... Nossa! Estou encrencada, pensa... Mas só mais um pouquinho.
A vontade é entrar no Tulipa's, pedir um suco, (outra coisa não pode, tem que dirigir e ai se chegar com hálito de algo alcoólico...) e ficar ouvindo o rapaz que toca e canta ao vivo; muito bom por sinal. Mas ao embalo da música, segue seu trajeto, aquele rapaz estava olhando muito e ia vir conversar, ela não pode se dar  este luxo... e nem quer, posto que o objeto do seu desejo fica a pelo menos um oceano de distância...
Menina! Olha a hora!
Ela decide ir embora, afinal...
Quando chega em casa...
A pergunta fatídica: "Onde você foi?”
 O filho adolescente para brincar e quebrar o gelo e amenizar a situação diz:
- Pai, você tem três opções: a casa da vão, o curso, o supermercado... você teria quatro, mas a mãe não está dando aulas à noite...
Então ela olha... Entrega a chave do carro e diz:
- Vão pegar as compras que estão no carro, por favor!
O pai dá um olhar que fulmina para ela e vai para a janela fumar...
E assim... a vida continua!
Sem asas para voar... Mas uma mente que permite sonhar.