Torpor
A tarde era de verão, de um resto de verão quente. Paola estava sentada na beira da cama, a luz entrava pela janela e iluminava os cantos do quarto. As cortinas moviam-se suavemente, embaladas pela brisa suave. Ela olhava para seus pés, pensativa. Movia os dedos, seu olhar estava perdido, distante. Não estava triste, não estava feliz, estava obsoleta, nula. A brisa agora batia em seus cabelos. Sua mãe adentrou o quarto, falou algo, sobre alguém que havia se casado, exterior, casa grande, homem rico, ela apenas balançava a cabeça afirmativamente, concordando, não estava nem prestando atenção, ouviu a informação em fragmentos. Ficou sozinha novamente no quarto, percebeu que a música que estava ouvindo havia acabado. Agora so o barulho do ventilador, e de um carro passando lá fora. A sexta-feira também passava, preguiçosa, se arrastando. O violão ao seu lado, tarefas por fazer. Olhou o chão, pensou que deveria ser varrido, e suas roupas dobradas. Um filme para assistir, uma música nova para tirar. E seus pensamentos meio entorpecidos, anulados, flutuantes. Numa tarde quente de uma sexta-feira de verão.