Beatriz

Tarde quente e ensolarada. Beatriz anda de um lado para outro. Não sabe o que fazer.Não tem o que fazer.

Sente uma angústia, um aperto no peito. Corre para a janela. Espia discretamente o dia. Olha o movimento e inveja os casais que passam alheios a seu pensamento mordaz.

Por instantes pensa em se jogar e acabar com todo seu desespero.Vai para a cozinha, abre a geladeira.Encosta, mira o vazio.

Sente o frescor saído dela acalmar seus pensamentos. Bebe um pouco de água. Aos poucos vai se tranqüilizando.Os gemidos e sussuros vindo de seu quarto já não a incomodam mais.

Ela sente que aos poucos, poderá tomar o controle da situação, afinal não é todo dia que alguém aceita ver o parceiro transando com outra. Ainda mais na sua cama, com o seu consentimento.

Agora é tarde para Beatriz se lamuriar. As únicas opções que restam são: Pular a janela ou se aninhar entre os dois, que estão a um passo da exaustão.

Beatriz olha seu corpo. Possui belas formas. Seios fartos, macios. Magra, esbelta e dona de belos olhos escuros.

Aos poucos começa a perder o pudor. Entra no banho, água cai vagarosamente sobre seu corpo. Sente um misto de excitação e medo. Começa a se tocar. Finalmente acha que está preparada.Mas a angústia vence.Sai do banho, anda de um lado para o outro.Tarde quente e ensolarada. Gemidos. Um grito.

Beatriz se foi.

Estatelada no chão, perdia apenas seu corpo, porque sua essência há muito não era mais a mesma.

Luisa Meyrelles
Enviado por Luisa Meyrelles em 25/03/2009
Reeditado em 25/03/2009
Código do texto: T1504410
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