INOMINÁVEL (Miniconto)
O menino parado na esquina instiga com o seu olhar enigmático, a consciência do homem debruçado à janela. A solidão o incomoda e o assusta. De repente, parece sentir o aroma e o sabor das peras longilíneas, colhidas no pomar, pelo seu pai. Abre para o velho, a janela do tempo! Vê-se ainda criança gritando de dor. Seu pai, o abraça e beija o seu dedo polegar, inflamado, dolorido pela ferroada de uma abelha, solitária, ranzinza. Sente o suor do seu pai nas suas narinas, aconchega o rosto no seu peito, a dor diminui, e assim, adormece. Olha o menino na esquina e constata a sua dor. O inominável o espera no ataúde.