Até o silêncio
O "trim" do telefone despertou Abílio. Meio que instintivamente, levou uma das mãos até possível lugar onde se encontrava o aparelho.
- Alô. Alô
Quase que sentiu a respiração do outro lado.
Abílio manteve o telefonema e a esperança. O gosto do wiskhy, trouxe a lembrança de mais uma madrugada de insônia. A bagunça no pequeno apartamento revelava que "não foi um pesadelo", já que a cada noite nos últimos 6 meses, gostaria, "e como", que tudo não passasse de um sonho ruim.
- Alô - tentou mais uma vez. A resposta não veio.
- É você Rita? Olha, por favor me escute. Não sei como falar, mas não tá dando pra segurar a barra. Eu...Eu...preciso de você, sinto sua falta.. Estou mal...Volta meu amor...Eu estava bêbado, perdi a cabeça...me arrependi. Nunca mais vou levantar a mão pra você. Só preciso de uma chance. Rita, por favor me responda.
- Abílio - A voz do outro lado surpreendeu - Aqui é o Leopoldo.
- Seu Leopoldo, cadê sua filha.
O silencio durou 1 minuto, até que veio a resposta.
- Rita...
- O que tem a Rita?
- Encontramos ela morta esta manhã. De acordo com os médicos, tomou chumbinho.
Abílio desabou. Leopoldo continuou.
- Ontem ela disse a mãe que era impossível viver sem você.
Abílio ouviu, em silêncio.