Mulher Virtuosa
Escadas para o lado da casa, uma janela frontal, de madeira, a porta da sala, bem em frente à rua, uma mureta baixa.
Já tinha tomado seu costumeiro café da tarde, eis que ouve alguém, chamar à porta. Ela era alta, magra, usava seus cabelos em coqui, alegre, driblou, as intempéries da vida, fêz dos noz, uma colcha, viveu!
Levou um susto, jamais esperava revê-lo. Em breves instantes, um filme passou por sua mente. Ele simplesmente saíra, e até então, nunca mais o vira. Nem tão pouco soubera o motivo da retirada, assim, sorrateira. Ficara com a casa cheia de filhos, pequenos, para educá-los e encaminhá-los na vida, sozinha, contava com a ajuda do Bom Deus, dizia.
Ao olhá-lo, fazendo uma vistoria, inacreditável, era ele mesmo. Disse que entrasse. Ela não lhe perguntou absolutamente nada. Ajeitou um quarto, preparou-lhe um banho, providenciou uma muda de roupa. Ele enfim, podia deitar o corpo, cansado e doente. O Médico que o examinara, disse ser um milagre ter encontrado o caminho de volta à casa. Marido, até em sua ausência e pai de seus filhos. Já abria a porta do quarto, bem ... de-va-ga-ri-nho, entrava e tinha que limpá-lo, lavar a roupa de cama, lavar as paredes, a janela, as portas do guarda roupa, enfim ... Resolvera tirar os móveis do quarto, deixou somente a cama, com ele, totalmente alheio a tudo, nem as necessidades fisiológicas controlara. Longe querer saber o porque daquilo. Até que se foi. Ficara com a consciência tranquila.
Um dia, sente um ligeiro mal estar. No Hospital, conversou com a companheira de quarto, alegre, como sempre. Disse estar com sono, virou-se, dormiu! Bom Deus, lhe premiara.