Deusa na mesa do bar
Sentada a minha esquerda, um pouco mais de dois metros de distância, me chamava à atenção, que eu nem tinha, por ser a mais linda do bar, com certeza de qualquer outro lugar também. Fumava discretamente um carlton vermelho enquanto se distraia brincando com o isqueiro na mesa e, de pouco em pouco dava um gole no copo sempre transbordando de cerveja. Às vezes achava que ela me dava uma olhadela, mas seria muita pretensão a minha. Não estava muito confiante, justamente por ela ser uma garota discreta, do tipo mais ousada que eu já vi. Estava sempre levantando para ir ao banheiro, fazia questão de passar do meu lado, tragar o cigarro, me encarar e soprar a fumaça enquanto colocava o cabelo atrás da orelha. Parecia que dançava pra mim e claramente eu via o prazer que ela sentia em me fomentar. Logo depois só via a sua silueta me dizendo pra esperar. Esperei até ela voltar do banheiro, ascendi um cigarro, engoli a cerveja do copo todo, arrumei o cabelo e só segui o som do canto daquela sereia. Nesses trinta segundos, que demorei pra chegar a sua mesa, ela havia acabado de se sentar e eu só sabia narrar no meu subconsciente a minha fala, no mesmo tempo que cravei as minhas retinas nas dela. O tamanho daquele busto – imagino se estivesse com um decote mais avantajado – aquele rosto de índia, cabelo avermelhado escuro escorrido, a pele jambrada cheia de pecado, me enchia a boca d’água, os olhos meio puxados e castanhos, um nariz desenhado e uma boca tipo Angelina Jolie, era a típica musa parnasiana. Brincos de argola dourados, uma blusinha amarela, estava com um relógio cheio de detalhes branco e uma calça jeans de cós baixo azul escura muito apertada, cintura tão bem torneada que duvido que ela precise usar cinto. Não lembro quando sentei e nem se disse o que havia planejado, mas suas curvas continuavam a me fomentar, enquanto a sua voz de menina de vinte e três anos cantava a confessa de que eu a atraia, dizendo se chamar Jaqueline (...).