Conto:O caipira(2°publicação)
O caipira era um homem humilde.
Todo mês ele sentava na praça da cidade por um tempo.
Uma única vez no mês ele ia a cidade e toda vez naquela praça ele se sentava.
Vestia um terno xadrez,uma calça social um tanto surrada.Nos pés vestia chinelos de dedos mesmo
nunca havia calçado sapatos.
Seus pés,cansados tinha a pele grossa pela tempo e pela terra.
È por que o caipira gostava muito dos seus pés descalço no chão.
Todo mês ele saia,pegava o ônibus,descia sempre no mesmo ponto,isso era um ritual de anos a fio.
Ele ia a cidade receber sua aposentadoria,isso era negócio" bão".
Ganhar sem trabalhar.Não que o caipira não gostasse de trabalho.Aliás trabalho nunca faltou não.
Tinhas as mãos calejadas pela enxada,rastelo e pelo enxadão...Do trabalho o caipira não tinha medo não.
Sentado ali naquela praça,parecia patrão,de prosa com um velho conhecido deixava de lado um pouco da solidão.
Fazia alguns anos sua única companhia era o rádio,nada de televisão.Não gostava da imagem besta da televisão.
O caipira gostava mesmo era de passarinho.
No fundo do quintal na roça jogava quirera para as galinhas e logo vinham os passarinhos.No mamoeiro fazia questão:
deixava sempre um mamão>Ele dizia:"--È o dízimo prá Deus!!!"
Mas Deus não come mamão.Era a parte para os passarinhos.È Deus quem os alimenta dizia em seu coração.
"Oh,coração “bão”!!!"
Tem sanhaço de várias cores,bem-te-vis e sabiás.Tem pombas legítimas,pombinhas,quero-quero,joão-de-barro,periquito,
maritaca e papagaio.Tem garça,urubu,anu-branco que dizem que dá azar.Tem também canarinho,esconde a cabecinha pra
dormir.Mas canarinho é passarinho de gaiola e o caipira não gostava de gaiola não,dava dó do bichinho preso naquela prisão.
Gostava mesmo de passarinho solto por aí,voando livre pelos campos,se banhando nos ribeiros de águas,respirando ar puro
dos montes e vales.Ah,o caipira gostava também de contemplar o pór-do-sol.De tardezinha sentava em seu velho rancho de
pau-e-pique em sua cadeira de balanço e olhava o sol se esconder atrás do horizonte indo embora por detrás da montanha.
Aquele dia não voltava mais,dava saudades...
Saudades da infância,da mãe,do pai,do avô...Dava saudades da esposa que a morte levou...
Dava saudades dos filhos que quase nunca vinham visitá-lo.Dava saudades da juventude,dos amigos que já partiram,dos rios
limpos e abundancia de peixes.O vento trazia na brisa da noite o consolo enfim e o caipira ia então dormir.
Acordava cedo o caipira.Regava as plantas,as rosas,a horta.Tratava das "criação":o porquinho para o natal,a “galinhada”
fazia a festa,os cachorros só faltava agradecer o “angu” de fubá.O caipira tinha paixão;pelo gato de estimação.Era o malhado,
gato preto e branco,corintiano o gato.
Toda manhã o caipira fazia uma oração.Havia conhecido a salvação em Jesus Cristo.O recebeu como único e suficiente
salvador.Deixou o deus de barro,deus falso que nada podia fazer por ele.Entendeu que Deus é Vivo,Grandioso,infinito,poderoso
e fiel,e que Ele cuida de nós e um dia vai nos levar para morar lá no céu.
Mas teve coisa na casa de Deus que o caipira não entendeu não:esse negócio de ficar gritando muito alto era meio esquisito
Deus não é surdo não.Bom o caipira não criticou não,só não entendeu.E quando tem adoração á Deus por perto da sua casa,
o caipira dorme mais tarde e vai na oração.Fala do amor de Deus por onde passa,faz questão e anunciar a salvação.Tem prazer
em abençoar as pessoas,deixou os vícios,a cachaça ,"o cigarrinho de paia",se tornou melhor cidadão.Por onde passa agora
em vez de xingar as crianças de palavrão,ele deixa uma bala na mão.
Bala na mão de criança é alegria na certa.
Ao passar pela estrada deserta,dentro da noite a caminho da igreja eu tive uma visão:Era o caipira descendo ladeira
abaixo com seu cajado na mão.Chapéu de palha,sorriso bondoso,que bela visão.Seu rosto enrugado do tempo e suas lindas cãs.
Quando chove sereno,a chuva,o vento.Quando bate os pingos da chuva na terra,e sinto o cheiro da terra molhada no ar.
Na época das mangas,das fontes de águas eu posso lembrar.
Lembrar o caipira,figura singela que aprendi a amar.