Um Dia Comum

Era mais um dia comum onde a maioria cumpria ou fingia cumprir suas obrigações diárias, eu por exemplo, estava sentado em minha cadeira de trabalho com a mente a vagar, pensando na vida; A vida... Como ela é engraçada, ao mesmo tempo nada e tudo acontece.

Olhava ao redor, para as prateleiras que se estendiam até o teto, repletas de livros; Tantos livros, tantos pensamentos impressos em cada página, então resolvi a escrever, contar meus dias de bibliotecário comum, peguei o papel e a caneta, mas não escrevi, fiquei apenas olhando para o papel em branco, depois passei a olhar o relógio pendurado na parede, seus ponteiros avançando inexoravelmente, estava numa monotonia de quase inexistência, quando as portas do estabelecimento se abriram com tudo, assustado olhei para entrada e por ela vinha um jovem cambaleante, me levantei para ajudá-lo, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ele caiu por cima de uma das prateleiras, espalhando livros para todos os lados, ele estava ferido, suas vestes estavam ensopadas de sangue, por um momento fiquei petrificado sem saber o que fazer, quando pensava em reagir, as portas se abriram novamente, uma jovem muito bonita, mas com o rosto marcado pelas lágrimas, adentrou o local e se dirigiu imediatamente ao jovem caído sem sequer ter notado a minha presença, ela tentou desesperadamente ajuda-lo, mas já era tarde nada do que fizesse reverteria à situação, o rapaz passara dessa para melhor. Melhor? Ou pior? Não sei... Penso nessas perguntas fundamentais sobre a vida. De onde viemos? Para onde vamos?

Que droga! E aquilo era hora de pensar nessas coisas?

A menina estava desesperada, se agarrava ao corpo do morto como se quisesse fundi-los num só, tentei ajuda-la de alguma forma, mas nada adiantava, sem saída chamei a polícia, que logo chegaram fazendo um estardalhaço, um dos policiais se aproximou e tentou afasta-la dali, mas ela o empurrou com uma força surpreendente para uma menina desesperada ou talvez seja o desespero que a fez tão forte; O policial caiu no chão, e tudo aconteceu numa fração de um segundo, no momento em que o policial se refazia do tombo e outros se aproximavam, a jovem arranca a arma que matara o rapaz, uma baioneta, tão pequena, mas com um poder tão destrutivo e antes que alguém pudesse fazer qualquer coisa, a encravou bem fundo em seu próprio coração.

Fiquei observando tudo estático, diante de meus olhos duas vidas simplesmente se foram, assim puff! Diante de meus olhos estava a dor o desespero o medo e de repente, mais nada, depois de responder uma série de perguntas que nada resolveriam aos policiais, vim para casa, perdido em pensamentos e devaneios, olho para o papel que agora não esta mais em branco e concluo: foi apenas mais um dia comum, onde só o imprevisto e a morte são certos.

sutini
Enviado por sutini em 09/03/2009
Reeditado em 09/03/2009
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