Meu Presente, Dormira

Eram dias de manhãs bem frias, tempo nublado, a esfumaçar, de pouca visão ao longe e perto. As plantas, pareciam encolher, sofrer, com o clima de tempo literalmente fechado.

Sainha, azul marinho, pregueada, blusinha branquinha, lindas meinhas, sapatinhos brilhantes. Colégio, logo pela manhã.

Havia ganhado da amiga, Denise, um presente extraordinário, de penas brancas, dedinhos bem finos, uinhas por desenvolverem-se, olhos de cor amarelo acobreado e de peso, para meu tamanho, fofinho. Deu-me bem ajeitado numa caixa de sapatos.

As freiras, para lá e para cá, durante o recreio a nos entreter. Mas, pensar mesmo era nele, pois, já se ouvia elogios a seu respeito.

Não o vira como de costume, onde sempre estava, no quintal, crescera um pouco. Procuro daqui e dali, o tempo me abrira e eu podia então investigar seu paradeiro. Sentira o peito apertar, tristonha, não conseguia encontrá-lo por nada. As lágrimas, silenciosas.

Mamãe, chama-me para o almoço. Foi quando o vejo, à mesa, deitado numa panela, cheirando, sem penas, de cor diferente, quieto, dormindo, todo partido. Mamãe, percebera meu olhar cheio de interrogação e exclamação, disse-me: - Sua tia Zinha, o preparou. Ela logo respondeu: - Era um frango. Pensei, mas era meu!

Micaella Nina
Enviado por Micaella Nina em 08/03/2009
Reeditado em 20/03/2013
Código do texto: T1476170
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