O Voo da Borboleta
Todos somos borboletas com asas de mil cores, com sonhos e amores, com luz e com sombra. Temos ilusões e emoções, temos prazeres e sensações, temos Tudo ao nosso alcance desde que acreditemos no imenso que o Mundo tem para nos oferecer.
Eu conheci uma menina...
Queria ser amada, feliz, tinha tanto para dar... era uma menina sensível que chorava com o mesmo brilho com que ria, porque vivia de emoções e para ela nada era mais puro e mais cheio de cor do que a Vida que ela sonhava.
Era capaz de rir mesmo quando estava triste, só para que o sorriso vencesse as lágrimas. Era capaz de ouvir quando estava cansada só porque achava que os que amava mereciam essa atenção. Vivia de uma forma diferente mas com suprema alegria porque dava valor ao que os outros achavam ser fantasia.
Ficava feliz quando acordava e o sol brilhava, quando percebia que todos aqueles de quem gostava estavam em paz e felizes, vivia para os outros para preencher as suas vidas e polvilhar os seus sonhos de esperança.
Tinha uma imensa capacidade de amar e de lutar.
Era tão frágil a menina, tão ingénua, tão cheia de pequenas lacunas que pareciam desmoronar apenas pelo soprar do vento. Mas mesmo assim sabia ser guerreira e lutadora, buscando forças e estimulo ao pouco que tinha que lhe parecia tanto, porque assim como esperava pacientemente a vinda das pequenas coisas, sabia melhor do que ninguém dar valor aos detalhes.
Olhei aquela menina no fundo do coração e pensei: " Como é que ela consegue? Como tem ela coragem e força para seguir perdendo tantos dos seus sonhos? Como é ela capaz de renascer sempre com essa imensa capacidade de sonhar?"
Um dia tive coragem e fiz-lhe todas estas perguntas e aqui vou contar-vos como a pequena borboleta me ensinou a viver.
Ela disse:
" Eu ainda sou uma menina, cheia de sonhos de encantar, gostava de os perder um dia era sinal que tinham sido possiveis de realizar, mas sou ainda uma pequena formiga com muito para aprender. Sei que os meus sonhos são como a caixa de Pandora e percebo o perigo que eles podem conter. Sei o quanto me magoam cada vez que os tenho de perder".
Revelou-me em segredo com uma serenidade espantosa, mas com as lágrimas escorrendo, que já tinha sofrido muito. Que as desilusões e decepções tinham sido bastantes, que a entrega que dava aos outros nem sempre era valorizada, nem sempre era merecida, muitos lhe tinham virado as costas ou ignorado.
Disse-me tantas coisas , aquela menina...
Fiquei abismada com a capacidade que aquele pequeno ser tinha para perceber o quanto o mundo é cruel, egoista e hipocrita. Percebi que mesmo ferida e magoada ela não conseguia mudar, entregar-se-ia sempre de alma e coração a tudo aquilo de que gostava, a quem amava, a quem respeitava, mesmo sabendo que tudo aquilo que tinha para oferecer era visto pelos demais como supérfulo e inútil.
Pequenos grão de areia numa imensidão...
Disse-me também que às vezes acordava triste e até mesmo a chorar, percebia que tudo aquilo que queria ninguém lhe poderia jamais dar. Sofrida mas nunca rendida disse-me que sempre teria esperança, porque ninguém sobrevive alegremente sem ser aquilo que realmente é...
Pensei para comigo...pobre menina...
Assim vais sofrer tanto, vais-te magoar tantas vezes, vais morrer emocionalmente e renascer sem energia.
No alto da sua tristeza ela me comentou:
" Eu sei que nunca atingirei aquilo em que acredito, nada é perfeito, nada é totalmente puro ou livre. Mas eu acredito no sol, no céu, no Amor, na Amizade, na partilha e no afecto e isso basta-me. Seria pobre se descobrisse que não tinha capacidade de amar, de dar de mim aos outros, de fazer alguém sonhar. Eu posso ser infeliz, solitária, marginalizada, posso viver abandonada mas eu sou assim. Podem até virar costas ao tanto que lhes dou, mas um dia eu sei que alguém os fará ver que a vida é dar e receber e que se Tu não deres nunca receberás. Por isso dou sempre o meu afecto e o meu sorriso, ele é o meu espelho, a minha força, a minha vida. E enquanto eu viver eu acreditarei que existe alguém que na mesma diapasão vê o mundo tal como eu na palma da mão".
Perante isto remeti-me ao silêncio...era um grito de sobrevivência e eu nunca o iria calar...Apenas disse:
" VOA BORBOLETA "