Memórias de Um Carnaval (Parte 02)

Continuamos a luta no domingo de manhã, o carnaval não poderia ser daquele jeito, no fundo de uma rede, pegamos nossos números e ligamos para praticamente toda a agenda até que minha irmã atende.

Edla – Alô.

Eu - Oi Edla, sou eu Eduardo, to precisando da tua ajuda.

Edla - O que é que tu quer? – Já desconfiada.

Eu - Fui expulso da casa que eu tava e queria saber se posso ir pra casa que você está?

Nessa hora eu já estava quase rezando, orando ou sei lá o quê. Não poderia voltar pra casa e perder o feriado que eu tanto aguardava.

Edla - kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, mas por quê? – essa foi a humilhante resposta da minha irmã.

Depois de explicado todo o porquê e ouvir as gozações da minha irmã e da amiga dela, ela disse que eu poderia e aproveitando me pediu ainda R$ 15,00 emprestado.

Saímos rumo a Beberibe, mas quando chegamos minha expressão era mais ou menos tipo: não acredito. Aportamos em uma casa que ficava do lado direito da estrada e do lado esquerdo tinha somente mato. A recepção não foi calorosa, pelo contrário, parece que não gostaram nenhum pouco dos novos inquilinos. O clima de carnaval simplesmente não existia e definitivamente não me senti bem vindo a Chorozinho.

Mas isso não foi motivo para desanimarmos, conversávamos entre nós mesmos e logo nos preparamos para irmos para Morro Branco e assim foi, depois de uma espera de + de 40 minutos em uma parada de ônibus, debaixo de um sol escaldante, finalmente pegamos um ônibus para Morro Branco e o grupo já estava um pouco maior. Estávamos Eu, Edla (irmã), Anderson, Priscila e Rutiane.

À tarde em M. Branco foi massa. Entre a praia, as bandas ao vivo, os paredões de som e a famosa pista velha lotada de gente. Dessa parte não temos do que reclamar. Na altura do campeonato, minha irmã e a amiga dela já estavam sem dinheiro e queriam voltar para Fortaleza, então demos nosso jeitinho e uma vaquinha aqui e outra ali deu pra ficar, afinal de contas agora que tudo tava começando a dar certo, não poderíamos desfazer o grupo. Pois bem, elas (minha irmã e a amiga dela) não queriam mais voltar para a casa de estrada, o que era até entendível (?), pois ninguém merecia estar com aquelas pessoas, decidimos então que elas voltariam para a triste cidade de Chorozinho para pegar as nossas coisas e voltariam para Beberibe. Nossos contatos já começaram outra vez, pois se iríamos ficar em Beberibe, teríamos que ter uma casa para colocarmos as nossas bagagens.

Nesse quesito o Anderson foi bem rápido, conseguiu uma no centro de Beberibe. Avisei logo à minha irmã que tudo tinha dado certo e que o plano estava de pé. Até que chegamos na casa (agora já nem importava mais a chuva torrencial que caía, pois já estávamos molhados ao cubo), com pouco tempo depois o amigo do meu amigo veio nos buscar e junto com ele estava a Mirela, que era um travesti, fomos apresentados formalmente e eu na altura do campeonato não sabia se apertava a mão ou se dava os dois beijinhos, decidi fazer os dois. Até então tudo bem, afinal de contas não ia ficar com ele(a), após isso seguimos para a tão aguardada “casa de praia”, quando chegamos lá, vi que a casa era minúscula e mesmo assim habitava (soube depois) nada mais nada menos que 32 pessoas, me senti meio perdido entre o emaranhado de redes e colchões, parecia que eu estava em um albergue de tão lotada que estava a casa. E o pior!! A CASA NÂO TINHA ÁGUA!!!!, essa não poderia ser nem a gota d’água, já que água era o que menos tinha. Pronto, minha paciência já estava no limite, não iria passar a noite com o gosto do sal da praia que peguei a tarde de forma alguma. E isso a Priscila ria da minha cara absurdamente, sendo que ela também não queria ficar sem tomar banho. Decidimos de comum acordo nosso retorno para Fortaleza, já não tinha mais o que fazer e nem mais a quem contatar. Ficar sem tomar banho era o fim. Liguei para a minha irmã, falei pra ela o que tinha acontecido e ela também concordou em voltar conosco para casa, afinal na minha casa sempre tem água e comida à vontade. Pegamos uma van para Fortaleza que passasse pela estrada que vai para Chorozinho, encontramos minha irmã e a amiga dela e voltamos para casa. Pensou que a onda de azar chegou ao fim? Quem dera. O celular da minha amiga ainda foi roubado e ficamos na parada de ônibus – já em Fortaleza – até 01h30min da manhã esperando o ônibus na chuva de volta para casa.

Agora é só esperar o carnaval de 2010, que será (acredito) em Olinda. Mas com um pouco de sorte a nosso favor.

Até 2010 hehehe.

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