MEMÓRIAS ( 10 ) O TRAUMA >*<
Carol tinha dez anos, morava em São Paulo com seus pais. Mas estava á passeio em Belo Horizonte, na casa de seus tios. Carol estava lá para ser dama de honra de um primo que ia se casar. Uma semana antes do casamento, foi com sua mãe e seu tio, a uma costureira no centro da cidade para fazer o vestido de dama. Era domingo á tarde onde aos domingos, no centro de B.H. tinha pouco movimento.
Estavam em plena avenida principal onde seu tio atravessou antes do sinal abrir, mas não deu tempo para Carol e sua mãe, atravessarem.
Então a mãe de Carol segurou-a firme no braço e ficou ali esperando o sinal fechar de novo. Quando Carol sentiu alguém segurando em seu braço e puxar. Carol olhou e viu uma mulher feia, descabelada, desdentada, suja, com cara de mau. Puxava Carol e dizia: - Solta, Solta, da a menina!
Carol gritou, e a mãe assustada, perguntou: - Que é isso? Solta minha filha! Mas a mulher insistia em puxar Carol. A garota gritava...
A mãe segurando Carol com uma mão, abaixou-se e pegou uma pedra que estava ali no chão, e jogando a pedra na mulher gritando: - socorro! Essa louca quer levar minha filha! Socorro! Seu irmão que estava do outro lado da avenida notou que algo estava acontecendo, atravessou e dizendo: - O que está acontecendo? Nisso, a mulher soltou o braço de Carol e entrou num carro que parou perto dela, era um carro velho, mas foi tudo tão rápido que nem deu para eles verem a placa, fugiram cantando pneus. Carol chorava muito, a mãe também ficou nervosa, foram para a casa.
Carol teve pesadelo durante a noite toda, acordava chorando, com medo, teve febres... Não queria mais sair de casa, aliás, queria voltar o mais depressa possível para São Paulo. Ficou com pavor de Belo Horizonte.
Mas como seu pai fechará um negócio bom de trabalho lá, tiveram que
morar de vez ,em B.H. A partir desse dia Carol só saia de casa se seu pai estivesse junto. Não saia só com a mãe, e muito menos sozinha... Ficou assim por uns cinco á seis anos. Carol, cresceu, casou-se, teve filhos, e morou em Belo Horizonte até seus vinte e sete anos. Mas nunca conseguiu ir ao centro da cidade sozinha.
Aos vinte e cinco anos, tentou superar esse medo. Entrou em um ônibus e estava decidida á ir ao centro sem falar nada com ninguém.
Na medida em que o ônibus ia indo, Carol começou a sentir-se mal.
Suava frio, tremia, sentiu enjôo, tontura, falta de ar, dor de barriga... Levantou e desceu do ônibus, foi ao ponto mais próximo e pegou outro de volta. Em casa estava melhor, o mal estar tinha passado. Mas chorou sentindo-se derrotada!
Hoje Carol está com 39 anos, e mora numa cidadezinha do interior de Minas Gerais onde, sente-se bem. Sai de casa tranquilamente.
Mas guarda lá no fundo o trauma de infância...