MEMÓRIAS ( 9 ) NÃO SUBESTIME >*<

Jorge era um homem franzino, miúdo, bem baixinho, tinha uns sessenta e cinco anos. Morava numa casa simples, e bem pobre. No interior de Minas Gerais vivia com sua mulher e sua filha de quinze anos.

Domingos era um homem mau, perverso, tinha uns quarenta e cinco anos.

Era bem alto, forte, morava sozinho. Era brigão. Vivia viajando fazendo negócios com gado... E se não fosse com a cara de uma pessoa, matava, assim como se matasse uma barata. Levava contigo na cintura uma faca, de um lado, e um revolver de outro. Ele andava sempre a cavalo. Usava botas, com esporas, chapelão... Era temido por todos nas redondezas, pela sua fama de mau. Nada acontecia com ele, na verdade os policiais, fingiam não

ver os mal feitos dele.

Certo dia, Domingos passando perto da casa de Jorge, viu Luzia.(a filha de Jorge) ficou encantado com sua beleza, parecia uma índia.

Morena, cabelos lisos e pretos, os olhos pareciam duas jabuticabas maduras.

Ela estava varrendo o quintal, descalça, e descabelada, com um vestidinho de franjas.

Domingos parou e disse: - Você cresceu menina! Esta linda!

Vou á Monte Alegre (cidade vizinha) e na volta passo aqui para te levar comigo, amanhã as 18: h. te prepara.

Luzia ficou assustada e correu para dentro de casa, onde seu pai estava

terminando um banquinho de madeira (ele era carpinteiro).

Contou ao pai. O pai olhou-a sereno, e disse calmamente: - Não se preocupe fia! Eu num vou deixá ele incostá um só dedo no cê.

Mas Luzia e sua mãe ficaram preocupadas sim.

Pois a fama de Domingos era a pior, e ele tinha tantas mortes nas costas... E sempre conseguia o que queria. Jorge era calmo, tranquilo, nunca batera em ninguém.

No dia seguinte as 18 h. em ponto, Domingos parou o cavalo enfrente a porteira da casa de Jorge e gritou: - Luzia!... Luzia!...

Mas no lugar de Luzia, o pai dela apareceu, na porta. - Minha fia num vai não! Pode i imbora.

Domingos riu, - Quem vai mi impidi de levá-la! Ocê?

O Jorge, calmamente repete:

- Vai imbora sô! Brinca cumigo não!

Domingos desceu do cavalo ainda com sorriso nos lábios...

Jorge diz:

- É bom para ai se entra morri.

Domingos riu bem mais alto, abriu o portão, e entrou:

- Deixe de papo, chame Luzia agora ou eu vou e rasto ela.

- Cê ta pedindo pra morré, se der mais um passo, atiro.

Quando Domingos levou o pé no primeiro degrau da escada, Jorge estava na porta

com um cigarro de palha no canto da boca, olhando tranquilo para Domingos. E sem tirar os olhos dele, levou a mão no canto da parede pegou uma velha espingarda que usava para caçar. Mirou e atirou em Domingos. Luzia e a mãe gritaram, sem saber quem atirou em quem, pois estavam lá no quarto, abraçadas uma a outra.

A bala pegou bem no estômago de Domingos, ele coloca a mão em cima que de repente se enche de sangue! Mas não desiste, dá mais um passo á frente. Jorge diz:

- Eu avisei, num entra! E dá mais um tiro, a bala pega no peito de Domingos, do lado direito, que pálido de dor, caminha para subir mais. Jorge mira de novo,

- Num vem!

Mas Domingos insiste, e Jorge atira. A bala pega na cabeça, estoura-lhe os miolos, que espirra para todos os lados. Jorge não foi preso, estava defendendo sua família, atirou em defesa e honra da filha, estava em sua residência, que foi invadida por Domingos.

Jorge também não deixou que lavassem o sangue da escada...

Para servir de exemplo a todos que não se deve, subestimar ninguém.

Lee Nunes
Enviado por Lee Nunes em 23/02/2009
Reeditado em 12/07/2010
Código do texto: T1454136
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