EQUIDISTANTE DA VIDA

EQUIDISTANTE DA VIDA

Ele anda sobre trilhos invisíveis. Vê montanhas fechadas: prisão ou liberdade?

Que palavras são essas que o assusta, o faz ter medo do próprio medo?

Os raros momentos que às vezes, consegue se refugiar no tempo; esse tempo de vida cega de minutos inexplicáveis é um instante que não prova nada. Não prova que é capaz de sastifazer sua busca e que é sede, dúvida e agonia do seu ser...

Falta nele à coragem de cair no rio, de sujar seu corpo, de viver a experiência de nascer de novo presenciando e sentindo entre veias, músculos ossos e carne o sublime milagre.

A impotência de ter uma inspiração o leva a transgressão do beijo cálido, molhado da vida. Emerge sua solidão no vazio das coisas, das paredes do vento... Ele está leve e triste. Move-se lentamente sem pressa a deriva do destino.

A descoberta dele segue-se o amor por si próprio, um olhar constante ao espelho, um sorriso de compaixão para alma. Ele analisa segundo por segundo o seu corpo, mas não consegue controlar as transformações, seus instintos mortais.

Aproximou-se dela e sentiu a forma brilhante e úmida debatendo-se dentro dele. Mas onde está o quero dizer, onde está o que devo dizer?Inspirara-me... Tenho quase tudo, eu tenho o contorno à espera da essência.

Trêmulo, descobre debaixo da chuva um milagre partido em estrelas, sério e brilhante. Sentiu-se nela o segredo, o mistério impossível. Meu Deus! Pelo menos me comunicai com ela, fazei realidade de beijá-la, de sentir nos lábios a sua luz, fresco e único como os minutos que antecedem a madrugada.

A primeira verdade está na terra e no céu. O brilho da estrelas dói em mim. Dói passar noites, tardes, manhãs e não se sentir alguém para ela.

Na última badalada descobrir que: aquela que me deixou sem chão, que me fez transpirar a vida, que me fez chorar sem lágrimas, sorrir sem alegrias, amar sem coração estremecer os ossos sem a carne, beijar a boca doce sem sentir o toque levava-me para o desconhecido... Para o descanso eterno.

O mais curioso é que no momento em que tento falar não só expresso o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no nada. Sobretudo no instante em que a toquei, compreendi, o que se seguisse entre nós, seria irremediável, porque quando a abraçara sentira-a desfalecer subitamente em meus braços como água correndo.

Dani Drummond
Enviado por Dani Drummond em 18/02/2009
Reeditado em 18/02/2009
Código do texto: T1446438
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