MEMÓRIAS ( 4 ) CORAÇÃO DE MÃE >*<

Pedrinho, Joãozinho, Francisco, Rita, Lurdinha, Cidinha, Ana, Rosinha. Até aqui eram oito filhos de Pedro e Maria.

Eles eram bem pobres, moravam numa roça, sem nenhum conforto, nem nada do que usufruirmos hoje em dia usavam só fogão á lenha, luz de lamparina, não tinham água encanada (Como eles diziam)

Tinham que ir buscar na mina, que era bem longe de casa, buscava

para beber, cozinha, tomar banho... Buscavam baldes, e baldes, várias vezes por dia. Para lavar as roupas, Maria levava, no ribeirão, onde lavava em bacia.

E usava pedra para esfregá-las, depois subia uma estradinha cheia de matos,

e pedras, onde por várias vezes teve que descer a bacia de roupas da cabeça

para matar cobras. Lá na porta de casa estendia em cerca de arame farpado.

A casa era grande, tinha uns cinco quartos, com duas camas cada um.

Uma sala menor que os quartos, e uma cozinha comprida. Casa grande mais velha, feita de barro e bambu, amarradinha de cipó pintada de amarelo e rosa, não era tinta não, era barro que Maria e suas filhas pegavam nas beiras do rio. Não podiam comprar tinta não. E o chão era e assoalho, umas tábuas compridas, que faziam um enorme barulho quando andavam. Vidinha sofrida! Bem difícil mesmo.

As crianças além de ajudar na roça a plantar, capinar, colher... Brincavam de pique-pega, esconde-esconde, de carrinhos, mas só feitos de sabugo de espiga de milho, e rodinhas feitas de jiló, carrinhos de verdade tipo os de plásticos, ou de fricção, a pilhas, controle remotos... Nem sonhavam!

Mas o triste dia, era o dia de sexta-feira dia em que Pedro tinha que chegar cedo do trabalho, para levar a comida daquela noite. Pois na sexta-feira já estavam com as latinhas vazias. Maria não tinha o que fazer para as crianças. Mas Pedro coitado! Pai zeloso, amoroso, homem de bem que todos respeitavam e gostavam.

Ele parava do trabalho, trabalho duro de um dia inteiro no sol escaldante.

Com apenas uma marmita de puro arroz, e uma garrafinha de café, no estômago. Pedro era um homem bom, amava seus filhos e sua esposa, mas infelizmente tinha o vício de beber, não conseguia ficar nem um só dia sem beber uma cachacinha! Era um homem já de idade avançada, fraco, um golinho já ficava sem conseguir quase, parar de pé.

A casa dele era longe do trabalho, e ele tinha que passar na venda antes para comprar algo para jantar. Comprava o que desse e pedia uma pinguinha, conversava com amigos e ia com um embornal que ele usava para carregar sua marmita e a garrafinha de café, e um pacotinho de macarrão. Cambaleando daqui, dali no meio do caminho antes de chegar a sua casa, ficava a casa de seus pais que já bem velhinhos sempre esperavam que Pedro passasse lá para vê-los. Pedro nunca falhava, e via como estavam seus pais.

Em casa Maria sentada na cozinha sozinha, olhando as panelas vazias, o fogão de lenha aceso, e água fervendo na panela, ela olhava e chorava, em

silêncio para que os filhos não acordassem, a maioria já estavam dormindo.

Lurdinha a mais velha percebia o choro da mãe, ficava triste, mas não sabia por que nem perguntava, pois a mãe não dizia para não preocupar os filhos.

Já bem tarde, Pedro chegava, cambaleando, e entregava o pacote para a mulher. Maria corre para o fogão, despeja o macarrão na água fervente, e enquanto cozinha prepara o banho do marido. (banho de bacia, pois não tinham chuveiro).

Depois do macarrão pronto ele coloca numa tigela grande, vai aos quartos de um por um dos filhos, senta eles e começa a conversar baixinho, para que eles mesmo dormindo, comecem um pouquinho da sopa. Fazia isso de um por um até completar os oitos. Não era muita comida não, mas pelo menos sabia que eles não iam passar á noite toda com fome.

Depois de anos passados, foi que Lurdinha descobriu o choro da mãe, era dó

dos filhos dormirem sem jantar, pois o sono deles era muito e não esperavam

o pai chegar...

Bom uma vez eu ouvi um médico falar que “o sono alimenta"

Pode ser, mas eu só queria ver ele convencer uma mãe que vê

seus filhos dormirem com fome...

Lee Nunes
Enviado por Lee Nunes em 09/02/2009
Reeditado em 12/07/2010
Código do texto: T1430469
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