Rochedo

Manhã do primeiro domingo de abril, D.Tinolé sai para fazer as compras do mês, mora em uma pequena cidade do interior aonde as pessoas têm como hábito fazerem suas despesas mensais em uma feira livre. Ali se reúne comerciantes de secos e molhados, utilidades domésticas, cosméticos, roupas e acessórios, etc.

Levanta-se cedo, prepara o café e sai em seguida para poder encontrar as novidades no mercado, ali também é o momento e o lugar para encontrar amigos e de colocar o papo em dia.

- Como esta o Zé Maria, Tinolé?

- Deixei em casa, você sabe, domingo para ele é sagrado, vai cair na cachaça e só Deus sabe que horas aparece.

- Não tem jeito mesmo, ela não deixou ainda esta maldita?

- Que nada Aricó, já fiz meizinha, fui ao boticário, simpatia e até no cientista já andei, mas aquele vício ele não deixa, se não é eu para ter cabeça naquela casa, agente passava era fome, pois Zé Maria emprega todo o salário dele na quitanda com aguardente.

- Tinolé, quando os filhos começarem a crescer ele ver que isso é feio e que envergonha os meninos e deixa isso de lado.

- Você é muito otimista, não deixa eu lavar e costurar pra fora não, para eu ver se eu e meus filhos não passamos necessidades.

- Deus proverá Tinolé e Zé Maria deixa esta arte do vício.

- Bom, tenho que ir andando, já fiz as compras do mês e tenho que preparar o almoço, sair cedo de casa e tenho e os meninos já estão acordando. Bom te vê Aricó, até mais.

Tinolé retorna a sua casa e ao chegar inicia os preparativos para o almoço, logo mais chega o rapaz com suas compras, ela pede que ele as deixe em cima da mesa que se encontra no quintal ao lado da cozinha.

De lá ela retira somente o que irá utilizar para preparar a comida e deixa para que Zé Maria ao retornar de sua jornada guarde as compras para ela, afinal era o mínimo que ele poderia fazer.

Prepara a refeição, dar aos seus filhos e em seguida coloca-os para dormir. Ao levantar-se percebe que os mantimentos que comprara para o mês desapareceram da mesinha, e Zé Maria ainda não havia retornado, ficou furiosa com o marido e atribuindo a ele a culpa pelo sumiço das compras.

Tinolé vai até a vizinha e comenta o acontecido e pergunta se ela não viu alguém estranho nas redondezas, as duas ficam assustadas, pois não tinham conhecimento de um fato desta natureza em seu bairro. Durante as reclamações Tinolé fica revoltada não tanto pelos mantimentos, mas sim por uma chaleira da marca Rochedo que havia comprado e que há tempos estava de olho. – Era uma chaleira de primeira um alumínio dos bons, o material bem furnido, caro e não cheguei nem a usar, poderia ter deixado pelo menos minha chaleira.

Jorlan de Abreu
Enviado por Jorlan de Abreu em 07/02/2009
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