ALQUIMIA

A porta abriu-se e ela o viu chegar abatido, enfastiado.... Foi ao seu encontro e ajudou-o a retirar os sapatos... Pegou uma toalha limpa, macia, cujo odor de alfazema invadiu o ambiente... Gostava do cheiro de alfazema, as vezes alternava o amaciante.... comprava com essência de jasmim. Sugeriu que tomasse uma ducha fria para aliviar o cansaço. Enquanto ele se banhava, separou um pijama de seda, estampado com pequenos barquinhos coloridos de azul e amarelo, e uma camiseta branca, de algodão. Deixou sobre a cama e seguiu em direção a cozinha. Havia deixado um arroz pré-cozido e a salada cortada. Termina o jantar completando com um bife de frango, macarrão ao alho e óleo, e um suco de laranja. O cheiro o atraiu, agora com a aparencia revigorada após o banho. Senta-se a mesa e pede que ela o sirva... Ambos gostavam desse momento... Ela, como forma de demonstrar o amor, dedicação, carinho ao seu homem. Ele, permitindo-se ser mimado, servido, cuidado. Jantaram em silêncio... Alguns olhares trocados, um leve roçar de mãos, um sorriso... dispensavam qualquer palavra. Quando há cumplicidade, tudo pode ser dito, sem que se pronuncie uma única palavra... Ajudou-a com as louças. Agora falavam sobre futilidades, discorriam sobre os acontecimentos do dia, riram acerca de alguns fatos curiosos, beijaram-se... Nos olhos o desejo revelado. Quando a paixão inflama, os olhos revelam o querer, ficam estáticos. O coração dispara, a respiração fica ofegante... Amaram-se. Deita a cabeça em seu colo, sentindo a leve carícia em seus cabelos ... sente os fios sedosos deslizando por entre os dedos do amado... Fecha os olhos. Gosta de se sentir assim, protegida. O peito largo, braços fortes, acolhedores... É como abrigar-se numa torre forte... Quão segura sente-se em seus braços. A respiraçao vai ficando leve, compassada, suspirada... Sente o calor dos lábios roçando sua testa... Está distante, perdendo-se em si mesma... A realidade miscigenada ao sonho...