Na sala do chefe
Esforçava-se para não deixar a lágrima cair. Não parecia mais ouvir o restante das palavras que o chefe proferia pausadamente.Suas mãos suavam.Pensava na mudança que a vida sofreria.Sentiu um frio na barriga ao se lembrar do pedido da filha: queria fazer natação. E as contas atrasadas? Pensou na crise mundial.”O que eu fiz para merecer isso, afinal?”. Seu Belarmino não parava de falar.A vontade de Fátima era a de sair daquela sala, pedir colo para mãe.Estava com medo.
Era sexta-feira. O expediente estava chegando ao fim. Os funcionários se preparavam para ir embora, curtir um happy hour, um filme na tevê, um sorriso de filho.Mas como seria o seu final de semana? Estava zonza. Precisava de ar.
-A senhora está bem? Quer um copo de água?
- Sim, por favor.
Suas mãos estavam trêmulas.Um pouco do líquido verteu em seu vestido.Nem viu.
-Então, D.Fátima. A partir de semana que vem suas responsabilidades serão outras.Tem mostrado bom serviço e como surgiu esta vaga não pensei em outro nome. Não fique com medo, sei que dará conta do recado, mesmo estando há pouco tempo trabalhando aqui conosco.O salário é melhor, deve saber. Tenho filho adolescente como a senhora, sei que eles nos pedem mil coisas. Bem, era isso o que eu precisava lhe dizer.Quer falar alguma coisa?
-N-não!
-Ok.Bom descanso.Pode ir, já está na hora. Tchau.
-Tchau...
No caminho, ainda absorta em pensamentos, concluiu:
-É agora que meu casamento acaba de vez.
(Maria Fernandes Shu- 04 de fevereiro de 2009)
Esforçava-se para não deixar a lágrima cair. Não parecia mais ouvir o restante das palavras que o chefe proferia pausadamente.Suas mãos suavam.Pensava na mudança que a vida sofreria.Sentiu um frio na barriga ao se lembrar do pedido da filha: queria fazer natação. E as contas atrasadas? Pensou na crise mundial.”O que eu fiz para merecer isso, afinal?”. Seu Belarmino não parava de falar.A vontade de Fátima era a de sair daquela sala, pedir colo para mãe.Estava com medo.
Era sexta-feira. O expediente estava chegando ao fim. Os funcionários se preparavam para ir embora, curtir um happy hour, um filme na tevê, um sorriso de filho.Mas como seria o seu final de semana? Estava zonza. Precisava de ar.
-A senhora está bem? Quer um copo de água?
- Sim, por favor.
Suas mãos estavam trêmulas.Um pouco do líquido verteu em seu vestido.Nem viu.
-Então, D.Fátima. A partir de semana que vem suas responsabilidades serão outras.Tem mostrado bom serviço e como surgiu esta vaga não pensei em outro nome. Não fique com medo, sei que dará conta do recado, mesmo estando há pouco tempo trabalhando aqui conosco.O salário é melhor, deve saber. Tenho filho adolescente como a senhora, sei que eles nos pedem mil coisas. Bem, era isso o que eu precisava lhe dizer.Quer falar alguma coisa?
-N-não!
-Ok.Bom descanso.Pode ir, já está na hora. Tchau.
-Tchau...
No caminho, ainda absorta em pensamentos, concluiu:
-É agora que meu casamento acaba de vez.
(Maria Fernandes Shu- 04 de fevereiro de 2009)