A MOÇA QUE VIVIA ADIANDO A FELICIDADE
*Quando tivermos nossa casa vamos ser felizes, não é meu amor?
Assim a mulher falava sempre para o marido quando ele chegava do trabalho.
Ela dizia isso, porque, por enquanto estavam morando na casa da sogra, não faltava nada para eles, que contavam com o carinho e a amizade daquela que era mãe e sogra.
Ainda assim, quando ele chegava em casa, encontrava a mulher de cara emburrada, que fazia com que ele pensasse o que poderia ter acontecido.
Ele perguntava: O que foi querida?
E ela, como se estivesse esperando aquela pergunta, logo responde: Não vejo a hora de termos a nossa casa.
*Quando tivermos nossa casa vamos ser felizes, não é meu amor?
E ele calmo, respondia: sim querida.
Sente-se aqui perto de mim, vem me fazer um carinho.
Ela: agora não meu amor.
Mais quando tivermos a nossa casa, serei a mulher mais carinhosa
do mundo para você, que não vai acreditar que é a sua mulherzinha que vai estar lhe acariciando.
E enquanto isso, ela vegetava, pois fazia do dia de hoje, sempre a espera do dia de amanhã.
Pobre moça, de pele alva, tão bela!
Estava fazendo da vida, a espera pelo futuro, pela sua casa, sem perceber que já estava abrigada do sol e da chuva.
Tinha o amor do marido, o carinho de uma amiga, no papel de sogra, que fazia dela uma filha, só não conseguia que ela saisse daquele marasmo, daquela quase depressão.
Triste perceber que nos tempos de hoje, muitos comportamentos são diagnosticados como tal, quando bem poderia em alguns casos ser considerado preguiça, comodismo e má vontade.
Ver alguém lavando, passando, preparando o almoço, cheio de aromas, que dá pra ficar alimentado só pelo cheiro, e ficar no quarto,
de porta fechada, deitada numa cama, unindo pontinhos e formando desenhos num livro, pois seus dias eram de ouvir músicas, jogar vídeo game, assistir televisão, e unir desenhos, através de pontos marcados, num livro, próprio para crianças.
Comer, ela mal se alimentava, mesmo porque, como tomar o café da manhã, se acordava às catorze horas, e já sentava em frente da televisão. Nesse tempo, em que estava dormindo, a sogra já tinha feito o café da manhã, a marmita do filho, do marido, lavado a louça, as roupas, (claro que, com a ajuda da secretária, rss, a máquina de lavar),varrido, feito o almoço e almoçado.
E por falar nisso: Já está quase na hora, do filho chegar do trabalho, e ela ouvir a mulher novamente perguntar ao marido.
*Quando tivermos nossa casa vamos ser felizes, não é meu amor?
20/01/2009
Sonia Barbosa Baptista