Insônia

Insônia

Em noites frias de insônia, procuro algo para fazer. Ler não é uma opção, pois minha atenção não se prende a livros ou para a televisão noturna. Ouço o barulho ininterrupto do relógio, contando os minutos antes do amanhecer. Ouvir musica as três da manhã, provavelmente incomodaria os vizinhos, não que me importe, mas quero evitar aborrecimentos futuros (tem vizinho que adora cuidar da vida dos outros).

Então sem muita opção, fiquei observando o inseto que sobrevoava a lâmpada, hipnotizado com a luz, louco e alucinado, querendo algo que não podia ter, até que enfim exausto morrer. E a mosca morta na parede (que por sinal foi eu quem quase a fixou no azulejo com um tapa mortal) as formigas famintas a devoravam como canibaizinhas ensandecidas.

E por fim, eu via as formiguinhas que caminhavam sem destino pela toalha de mesa, andando em circulos, indo e voltando completamente perdidas. Às vezes penso que sou como o inseto na luz, sempre querendo aquilo que não posso ter, persistindo até morrer, induzido por um desejo nascido do consumismo corrosivo. Ou então sou a mosca sendo devorada por milhões de oportunistas, ou então a formiga alucinada sem destino, sem objetivos, um ser tão pequeno diante de um mundo tão monstruoso e insensível.

Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 19/01/2009
Reeditado em 13/09/2010
Código do texto: T1393776
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