Fragmentos Urbanos - Todos os fragmentos

FRAGMENTO 10 - TODOS OS FRAGMENTOS

Depois de ter discutido pela manhã com a filha e ter ouvido reclamação do guarda, Elisa está novamente no congestionamento da hora do almoço. A cidade está um caos devido a gravação de um filme de ação e ela está sem sorte com os semáforos que sempre ficam vermelho quando ela se aproxima. Depois de ter passado três vezes no sinal amarelo, ela pára em outro sinal vermelho quase soprando fumaça pelas ventas de tanta raiva. Para se distrair ela começa a reparar nos pedestres que passam pela sua frente e uma cena inusitada acontece. Um rapaz tromba com uma moça fazendo ela derrubar os papéis que ela estava carregando, ele se abaixa para ajudar e depois se levantam e ficam olhando pra cara do outro. Elisa percebeu um clima entre eles e os dois continuaram lá parados mesmo depois do sinal ter aberto, ela teve que desviar, mas alguns carros quase atropelaram o mais novo casal de faixa de pedestre. Só faltava essa! – dizia Elisa em voz alta.

Enquanto isso do outro lado da cidade: Depois de ter descido do ônibus ele ainda pôde ouvir a menina xingando e algumas pessoas que não tinham nada a ver acabaram levando a culpa. Foi andando pela rua até passar por uma parte que só tem mendigo e ao passar por um deles acabou ouvindo algo bem estranho.

_ Help me please.

_ Será que estou ouvindo coisas? O mendigo pediu ajuda em inglês? Só faltava essa, a globalização chegou até aqui. Daqui a pouco o mendigo falará mais línguas do que eu. Resolvi nem dar atenção porque poderia ouvir algo e não entender e aí ficaria feio pro meu lado. O que mais pode acontecer depois de ter ouvido poesia dentro do ônibus e ter ouvido um mendigo falando inglês?

Em outro canto da cidade: Valter não gostou nem um pouco do trote recebido no metrô e saiu da estação inconformado e irritado a ponto de atravessar a rua sem olhar se estava fechado para os carros. Pra sorte dele estava, porém o dia não era de sorte, pois acabou trombando com uma senhora e sem paciência ele reclamou e a discussão começou. Troca de ofensas e por pouco foram atropelados por um carro que estava dirigindo loucamente pelas ruas, pois seu amigo tinha furtado uma loja e precisaria de ajuda. Passou em vários sinais vermelhos até que um desastre aconteceu: enquanto ele vinha cantando pneu um homem apareceu atravessando a rua e acabou sendo atropelado. O motorista então olhou pra frente e viu uma turba de gente, viu câmeras, viu luzes. Estava ocorrendo uma gravação e ele tinha acabado de atropelar o ator principal.

A noite tomou conta da cidade e agora tudo pode acontecer. Carlos e Andréia que se conheceram naquele mesmo dia saíram pra comer uma pizza e beber um chopp. Os dois se sentaram numa mesa do lado de fora. Momentos depois apareceram dois rapazes que chamou atenção de todos, pois se tratava de um negro e um japonês.

_ Olha só esses dois. – comentou Carlos.

_ O que tem? – perguntou Andréia.

_ Um é negro e outro é oriental, diferente,né?

_ E qual o problema? Precisa ser da mesma cor e origem pra ser amigos?

_ Não é isso, mas continua sendo estranho, um tabu.

Enquanto isso do outro lado da rua, um homem entra no prédio e sobe as escadas, avisa o porteiro que irá se jogar lá de cima do prédio e o porteiro tenta impedir e não consegue, chama a polícia e liga pro canal de televisão que chegou mais rápido que a polícia. Instantes depois o homem estava no parapeito do prédio com um repórter ao lado dele perguntando se ele queria dizer algo e o homem não foi nada delicado e se jogou. O âncora do jornal concluiu a reportagem e deu boa noite e foi embora.Ao sair teve que driblar repórteres de outra emissora que perguntavam sobre a vida pessoal dele e por que a mulher dele o traiu com o psicólogo dela. Ele nem respondeu e foi embora.

FIM DE TODOS OS FRAGMENTOS

Miguel Rodrigues
Enviado por Miguel Rodrigues em 13/04/2006
Código do texto: T138447
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