PILOTO AUTOMÁTICO - O ANJO DA GUARDA FUJÃO!

PILOTO AUTOMÁTICO

O ANJO DA GUARDA FUJÃO!

Saindo do Rio de Janeiro com destino a Salvador final de 1970, lá ia eu, subindo a serra de Petrópolis, logo depois, passando no entroncamento de Além Paraíba e atravessando o rio Paraíba, já em terras mineiras, desliguei o rádio do Maverick e coloquei uma fita de Benito de Paula. E lá ia eu... da segunda música em diante, lembro apenas de ter ouvido Meu amigo Charles e Friburguense. Daí por diante funcionou o ‘piloto automático’. Para os espíritas esta fase é difícil para quem está só e o espírito resolve dar um passeio enquanto o seu invólucro devaneia, sonha ou dorme. Neste caso, apenas entrei na música e perdi a noção de tempo e espaço por algumas horas. Quando voltei, estava entrando no Posto de gasolina de Caratinga, que era uma parada quase obrigatória nestas minhas viagens, mais de 250 Kms. Depois deste lapso. Parei, olhei em torno, virei-me para a parte de trás do carro, olhei o banco trazeiro, depois saí do Maverick com o coração acelerado, sentindo-me nervoso, talvez um pouco pálido e encaminhei-me para o restaurante. Lá chegando, o garçon, velho conhecido, ofereceu-me algo para comer; pedi um filet mignon bem passado com arroz a grega e salada, uma cervejinha gelada e fiz ali minha refeição. Era uma hora da tarde quando peguei a Rio-Bahia novamente para seguir viagem. Levei a viagem toda até Poçoes, sem ouvir música. Tive vontade, mas o receio de que meu devaneio terminasse em tragédia chamava-me à responsabilidade... Cheguei em Poções à noite e no dia seguinte comentei com meu irmão Ernesto sobre aquele fato. Ele disse que já havia lido alguns livros espíritas que tratavam do assunto e falou sobre a possibilidade do meu espírito ter saído do corpo.

- O problema, meu irmão, é que nem sempre nosso ‘anjo da guarda’ volta a tempo de evitar um desastre!!! Tenha mais cuidado agora por diante e evite de viajar sozinho!!!

E foi isso que fiz. Passei a viajar acompanhado. O companheiro de viagem sempre avisado e atento, vez por outra chamava minha atenção:

- Onde vai, amigo?

E eu voltava para a pista! Assim dirigi pelo resto do tempo em que enfrentei as estradas boas e más da Bahia e do Brasil, por longos 34 anos, correndo atrás da notícia e da sobrevivência, ouvindo sempre minhas músicas preferidas!

Quanto ao ‘piloto automático’, algumas ameaças frustradas de fração de segundos quando era sempre admoestado pelo parceiro ao lado. E foi só isso.

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 14/01/2009
Reeditado em 23/01/2018
Código do texto: T1383758
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