O Flagrante

Era um daqueles domingos bem típicos para aquela cidadezinha do interior, com pouco mais de 10 mil habitantes. Ensolarado,abafado; devia estar passando dos 35º graus. E a maioria das famílias fazendo churrasco.

A delegacia era bem no centro . Prédio antigo , com as paredes carcomidas pelo tempo e sem pintar já há algum tempinho. Só tinha dois policiais e o delegado.Enquanto um fazia as diligências , outro ficava para tomar conta e fazer o registro .

Mas nesse domingo - como não acontecia furtos e roubos e nem nada há tempos- os três resolveram fazer um churrasco no quintal da delegacia. Cada um trouxe um tanto de carne e bebida . Estavam bem descontraídos .

Foi quando passava do meio-dia e o churrasco estalava na brasa que o telefone tocou .E tocou insistentemente. Um dos policiais foi atender muito a contragosto. Houvera um roubo e eles precisariam ir imediatamente atrás do delinquente , pois fugira com o produto da ação.

Não foi muito difícil encontrar o miliante ,tendo em vista a cidade pequena e as informações passadas pela família assaltada. O sujeito fugira a pé.

Levaram para a delegacia fazer o registro. Só havia uma escrivaninha ,com duas cadeiras de madeira antigas e alguns papéis sob a mesa. O ventilador de teto não funcionava e o de chão muito precário. O calor era intenso. O policial que ficou , ainda tinha que olhar a carne assando.E já estava quase pronto o almoço de domingo.

De repente , criou-se um impasse: onde deixar o ladrão? Não podiam levá-lo para o quintal junto e a cadeia estava com a chave enferrujada;não era usada há anos. Então, um deles teve a idéia de amarrar o cara com uma corda ,na cadeira ,na sala da delegacia , até eles voltarem do almoço e ver o que iriam fazer com o sujeito.Então foram comer.Depois o fujão comeria.

Passaram-se quase duas horas desde o almoço. A conversa esteve descontraída por demais com a ajuda das bebidas,quando lembraram-se do assaltante. Correram para dentro da delegacia e o que encontraram: nada! O ladrão fugira com a cadeira e tudo, pela porta da frente! Os dois policiais mais o delegado ficaram de queixo caído , imaginando como ele conseguira fazer isso. E saíram a procura ,mas ainda não pegaram o fugitivo. Apenas uma arara vermelha no parapeito de uma janela,gritando "Ladrão!Ladrão!"

É o Brasil dentro de muitos Brasis, minha gente.

Barbra Cerutti
Enviado por Barbra Cerutti em 13/01/2009
Reeditado em 13/01/2009
Código do texto: T1383189
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