SABEDORIA ORIENTAL

Havia em uma cidadezinha do oriente um homem muito idoso e também muito respeitado por suas palavras sábias, seu jeito correto de ser e seu equilíbrio diante de todas as dificuldades da vida. Todo o entardecer, ele sentava-se em uma grande pedra próxima de um rio e ficava ali por algumas horas. Ninguém tinha coragem de interromper aquele momento.

Um dia um viajante que nada sabia antes de entrar no pequeno vilarejo viu aquele homem e foi lá para confirmar se estava mesmo na direção certa da cidade. Lá chegando logo interrompeu a meditação do velhinho e fez a pergunta que julgava necessária. O velhinho continuou em silêncio. E o viajante foi ficando cada vez mais irritado, se sentindo afrontado.

Prestes a agredir aquele senhor afinal ele o tratava com tanta indiferença, ele parou e olhou para o belo e enorme rio.Sentiu-se convidado a sentar-se também, e assim o fez.

Após uma hora, tempo extraordinário para quem tinha tanta pressa, ele disse: - Puxa, eu não sabia que um rio pudesse conter tantos mistérios e tantos sons que me aquietassem a alma.

Foi aí então que o velhinho disse : - Eu vi quando vinha afoito em seu cavalo, por isso não respondi a sua pergunta quando a fez.

- Mas por que ?

– Senão você não teria a oportunidade de conhecer o valor do silêncio e da harmonia.

- Mas eu poderia ter lhe matado !

- Não importa, eu teria feito a minha parte.

O homem ficou em silêncio durante algum tempo ainda e depois levantando-se para ir embora disse: - Obrigado, eu procurava por esta cidade para matar uma pessoa, mas não vou mais.

Neste tempo que fiquei aqui sentado, descobri mais sobre mim mesmo do que em toda a minha vida ! O rio me aquietou a alma de alguma forma, senti cheiro de mato e de flores que nunca nem as havia percebido. Percebi os peixes a nadarem tão fluidamente que cheguei a desejar ser um deles.

Muito Obrigado meu senhor! E o velhinho continuou em silêncio e apenas dirigiu-lhe um olhar de candura e o homem partiu.

Assim é a vida para muitos. Tomamos decisões precipitadas, julgamos o próximo, matamos em nós o que temos de melhor, não esperamos que o outro se mostre como é, nem respeitamos as diferenças.

Que possamos nos aproximar da natureza e entre um vôo de pássaro, um barulho de cachoeira ou observando um jardim, reconheçamos na quietude o que temos de melhor . Perto de Deus que habita no meio da Sua criação, estaremos mais perto de nós mesmos. E saberemos ter um olhar mais cândido para nossos semelhantes.

Às vezes o silêncio diz mais do que muitas palavras.

09/04/2005