Reflexão...
Era uma tarde chuvosa um daqueles temporais com rajadas de ventos, trovões e fortes relâmpagos uma tempestade enfim, quando de repente resolví parar tudo o que estava fazendo e corrí para perto da janela que dava para rua. Pelo vidro se via que a torrencial chuva não daria tréguas aquela tarde.
Eu alí parada desembassava os vidros para ver os remansos causados pela enchurrada que arrastavam sem piedade destroços como pedaços de papelão, latinhas de cerveja, frutas jogadas ao solo e todo tipo de lixo escoavam para dentro das galerias impedindo assim a vazão dos canaIs de toda infra-instrutura da cidade. Enquanto meus olhos se dilatavam para ver tamanha insensatês de pessoas desinformadas ou ainda pessoas que não querem saber como agridem o Meio Ambiente" e nem sequer querem saber as consequencias futuras de suas atitudes maldosas e impensadas.
Fiquei imóvel por um momento imginando as nascentes dos rios seus leitos desviados e desfragmentados ja pelo "Homem" o caminhar lento do rio que enfrentando bancos de areias com seu percurso destruído e mesmo assim teria que receber toda aquele entulho que eu olhava passar na cidade bem em meu nariz sem que eu podesse parar tal crueldade. Os rios ainda por cima teriam que digerir toda ação mórbida das atitudes desastrosas do ser humano que na verdade é um desumano.
Voltei lá em um passado em minha infância no Ceará do riozinho transparente e límpido onde eu nadava e que todos o chamavam de: Rio da Madrinha Rosa!"Nossa turma de garotas todas de idade entre 13 e 15 anos todos os dias ao sair do Colégio corríamos em disparada para banharmos naquele lindo rio que tantas confidências nossas ouviu.Nossas ilusões de meninas tambem ja as primeiras desilusões do primeiro entusiasmo, nossas gargalhadas inocentes contando segredinhos uma para outra, meu Deus como o tempo corre e guarda em nossos corações tantas lembranças bôas.
Em outras vezes nós ficávamos disputando ao sol ardente do nordeste quem estaria no Carnaval com a marquinha do biquini mais branquinha sempre torrando ao sol e disputando o bronzeado melhor para exibir as formas em roupas ousadas em apenas tres dias que era na época como sinônimo do Carnaval.
Em cada uma alí de nós havia uma paixonite por algum menino da Escola ou da cidadezinha de Cruz.Confesso que eu tinha ja minhas primeiras atrações por um garoto de minha classe mais na verdade ele nem sabi e jamais soube ja que foi só de minha parte.Era uma farra bôa e inocente nossos banhos naquele riozinho que nos escutava e calado nos acariciava o corpo e alma com suas águas limpinhas e refrescante até baixando um pouco nossa temperatura do corpo,ja que os hormônios ja estavam a todo vapor em cada uma de nós alí.
Um pouco mais longe havia um lugar onde as águas eram mais profundas onde haviam muitas árvores e que os homens que vinham da margem de lá de seu roçado usavam tomar seu banho diário nús. O lugar chamava-se Buraco da Velha eu nem sei ainda porque tinha esse nome mais só sei que um dia fomos espiar na ponta dos pés para ver como era um homem nú e passo a passo dentro da mata abrimos caminho por entre árvores cerradas e bem copadas para matar nossa curiosidade de meniana moça. Lembro que quando avistamos o primeiro peladão saímos apavoradas e com medo que eles nos notassem alí foi uma corrida pelo mato e saímos com arranhões por todo corpo como pagamento por nossa curiosidade, mais foi uma algazarra sem fim. Todas arreagalavam mais os olhos para comentar aquilo que para nós era uma descoberta proibída. Jamais falamos de quem era o corpo lindo e nú daquele rapaz que olhamos ...rs.
Quanta inocência e sonhos tivemos,nadando naquele amigo e transparente Riozinho tamanha saudade me veio agora de quanda a "Natureza ainda era intácta e onde o homem não poluía nem destruia suas reservas do amanhã nem lá no interior do Ceará, nem em parte alguma. Era tudo preservado para nosso amanhã e de futuras gerações. Agora retorno ao presente, volto a chuva torrencial que bate forte nos vidors da janela, abro meus olhos e contemplo a real situação desumana e comprovo mais uma vez que a "Natureza" está morrendo, gemendo e pede socorro para o homem que nem sequer se lembra que que sua vida depende e dependerá sempre dessa "Natureza Agonizante que grita aos quatro cantos: que o homem que a viu crescer, florescer agora também não a deixe "MORRER!"
Goretti Albuquerque.