MEMÓRIAS ( 2 ) GOIABA >*<

Eu tinha uns oito anos, sei lá! Mais ou menos isso. Era época de goiabas lá na roça. Nessa época morava em São Paulo com meus pais. Mas ia sempre pra Minas, na casa de meus tios, e de minha avó paterna que,

ficou viúva e foi morar com minha tia, irmã do meu pai. Então adorava ir pra lá. A casa era cheia de gente, pra mim que, sou filha única, sempre sozinha, meus pais trabalhavam e eu ficava só o dia todo dentro de casa. Por recomendações deles, e também medo da violência. Que claro tem aumentado de lá pra cá, mas naquela época São Paulo já era uma cidade de grandes violências... Lastimável! .Mas como eu ia dizendo, era época de goiabas, e lá no quintal era enorme, e tinha várias árvores de frutas, tinha muitos pés de goiabas. Mas é claro que tinha as mais doces as maiores, mais gostosas. E lá era sempre muito povoado, afinal só de filhos minha tia tem onze quase um time de futebol, aliás, era um time mesmo, pois eu era e sou considerada como filha. Inclusive foi ela quem cuidou do meu pai quando era pequenino, e é como minha segunda mãe hoje ela é minha sogra, pois eu casei com o filho, dela... Mas meu carinho por ela e ela por mim é tanto que sogra e nora passam longe da gente somo mesmos, mãe e filha.

Voltando ao assunto das goiabas, aproveitei que nessa hora não tinha ninguém perto e fui para o pé de goiaba, pois eu queria a mais bonita e se tivesse alguém perto teria que dividi-la, (mesmo com vários pés de frutas quando alguém colhia a mais bonita, todos queriam) dava uma briga e tanto! Então olhei para um lado e para outro, subi na goiabeira fiquei bem quietinha lá em cima colhendo as goiabas, na verdade eu estava tentando alcançar uma lindona, maior que todas, viçosas, exuberante! Quando de repente, o que nós meninas sempre temíamos aconteceu. Vi uma taturana enorme pertinho de mim... Meu Deus! Que desespero meu, quase morri. Eu estava lá encima e não conseguia descer rápido, comecei a pedir socorro, mas não vinha ninguém. Não consegui tirar os olhos da bichana peluda e horrorosa que estava ficando cada vez mais perto de mim, quando vi perto do local que me encontrava minha prima grávida de sete meses, uma enorme barriga, coitada, mas não tinha tu, era tu mesmo! Pedi á ela que me ajudasse, fiquei com pena dela, pois estava do outro lado de uma cerca de arame farpado e não dava para ela vir á mim, certamente não iria conseguir passa debaixo da cerca, mais eu só queria que alguém tirasse-me dali.

Mas á horripilante da taturana parecia que ia cair naquele momento. E sem pensar em nada, joguei-me! Preferia ficar toda esfolada do que aquele bicho cair em mim. No entanto eu estava de saia, e a minha saia prende-se em um dos galhos, soltei as mãos achando que ia cair, mas acabei ficando pressa

dependurada na árvore... Enlouquecida pensando no bicho que poderia cair em mim. Minha prima nessa altura vendo meu desespero, não aguentou e sentou-se ao chão de tanto rir... Ai percebi que ela não iria me ajudar, e que o bicho estava perto de mim, fui forçando até a saia rasgar... E quando rasgou, eu... Pluft! Cai no chão, nem senti dor, só queria sair correndo dali.

Ta! Machuquei um pouquinho... Mas pelo menos aquele bicho feio não encostou-se em mim

Ah! As goiabas? Não quis mais... Pelo menos naquele dia, não.

Lee Nunes
Enviado por Lee Nunes em 23/12/2008
Reeditado em 12/07/2010
Código do texto: T1350426
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