"O segredo da rosa"
— Vamos Léo, acorde filho, vai perder a hora de ir para a faculdade, chamou docemente sua mãe cutucando o jovem que se remexia na cama tentando cobrir-se com o edredom macio e quentinho.
— Vamos querido! Chamou novamente a mãe, sorrindo a contemplá-lo, pegou-se lembrando do tempo em que ele ainda era apenas um menininho que precisava de todo seu cuidado e proteção e agora tinha se tornado um homem formado... fitou-o por um instante, esfregou sua testa, e beijou-o, sorrindo, era um amor incondicional daqueles que só as mães podem entender. Deixou-o para ir até a cozinha enquanto o chinelo fazia barulho no assoalho de madeira, voltou com uma caneca de leite achocolatado fumegando e encontrou seu filho já sentado na cama a devolver o sorriso.
— Ah mãe, assim vou ficar sem vergonha... sorriu enquanto pegava a caneca de leite oferecido por ela.
— Gosto de te mimar filho, você é um ótimo menino. Abraçou-a gostoso com o corpo ainda quentinho da cama e beijou-a melado pelo leite açucarado em que acabara de dar um gole.
— Te amo mãe!
— Também te amo filho!
— Agora deixa de sem vergonhice e vai levantando dessa cama — ralhou brincalhona — que você já está atrasado! Léo consultou o relógio e deu um pulo quase fazendo derrubar o leite de dentro da caneca sobre a cama.
— Puxa! Estou atrasado mesmo. Correu para o banheiro, tomou banho, vestiu-se rapidamente, pegou os materiais e saiu ainda tomando o leite e com um pedaço de pão nas mãos que havia roubado da mesa com o café da manhã posto na cozinha.
— Olha! nem se senta... Meu Deus querido! Disse a mãe enquanto o olhava sair esbaforido pela porta dos fundos da humilde, mas aconchegante casa da periferia da cidade universitária onde moravam.
Seu pai tinha um pequeno negócio que cuidava com muito afinco e todos trabalhavam ali em família, eram muito unidos e amigáveis. Passou correndo em frente ao pequeno empório do pai que já se encontrava aberto desde cedinho e acenou carinhosamente, o que o pai retribuiu com gosto.
— Boa aula filho, gritou com um sorriso simpático, segurando a barriga que estava um tanto protuberante. Era um português charmoso, apesar da idade e muito simpático, a mãe aconchegou-se nos ombros do marido e os dois ficaram a observar seu garoto seguindo para a escola, orgulhosos.
— Ele cresceu não é Manuel? Sim Nina querida... já é um homem! Segurou-a pelo rosto e beijou-a entre o bigode farto e esbranquiçado pela idade fazendo estalar o beiço.
— Pára meu velho! Os vizinhos... sabe como é cidade pequena!
— Que nada Nina, a gente se ama que mal tem isso? E gargalhou enquanto segurava a barriga.
— Bom dia! Entrou um freguês no empório e o trabalho começou a fluir tranqüilamente como de costume.
Léo chegou correndo no campus da faculdade e entrou no aglomerado de alunos que se esbarravam subindo a escada que dava para a entrada principal, eram muitos, uma diversidade incrível. Típico de faculdade, alguns se juntavam em turmas, outros em tribos, havia a dos mais populares, a dos nerds, a dos intelectuais, punks, emos, entre outras peculiaridades.
Léo subiu até o patamar da escada e se pôs a olhar para baixo parecendo estar a procura de alguém.
— Ô amigo desculpa — pediu um colega depois de esbarrar nele violentamente.
— Nada não!
Ainda não havia avistado ninguém, quando a viu entrar pelo portão lá embaixo, era Bia, sua melhor amiga e confidente. Alegre e bonita, estava sempre sorrindo, como se nada no mundo pudesse afetá-la. Era bom conversar com ela, não era dessas menininhas fúteis e sem graça, tinha conteúdo, cabelos curtinhos e louros bem penteados, olhos azuis, pele rosada e sempre cheirando a flor. Léo, gostava de sua companhia e sabia que sempre podia contar com sua amizade.
— Bia! Gritou Léo de cima da escada, fazendo estremecer os ouvidos dos que passavam perto dele.
— Oi Léo, to subindo, espera! Disse ela arreganhando um grande sorriso. Beijou-o no rosto carinhosamente como de costume. Estavam atrasados e por isso entraram correndo na sala sem muita conversa.
Sentaram na beirada da floreira que dava para o jardim a observar as pessoas que passavam — era hora do intervalo — não se desgrudavam, tinham uma amizade sincera e duradoura.
— Olha lá Léo, é ele! Ai! Ai! Suspirou enquanto admirava Tiago, o cara mais paquerado do campus, era realmente lindo, mas fútil. Ela não estava nem aí, mantinha um amor platônico por ele e não conseguia se conter sempre que o via passar.
— Pronto! Lá vai ela de novo! Falou Léo inconformado — O cara não tem nada Bia, é vazio, cabeça oca, e você é tão inteligente, perda de tempo ficar suspirando por ele, olha lá, ele nem te nota.
— Ai Léo! Deixa eu sonhar um pouco, que mal tem? Você sim que devia arrumar uma namorada.
— Sabe que não estou pensando nisso agora, preciso estudar.
— Ah! Você e esse negócio de “preciso estudar”, tá ficando bitolado — os dois riram enquanto devoravam o lanche.
* * *
Bia acordou mais cedo que de costume aquela manhã, era inverno e uma brisa suave e gelada entrava pela fresta da porta, o sol maroto teimava em sair, mas já podia vê-lo entrar pela janela da sala fazendo desenhos na parede.
Olhou para fora com vivo interesse, e lá estava ela, na varanda, reluzindo ao sol ainda acanhado. Sorriu de contentamento e saiu para pegá-la, tinha os pés descalços e vestia um roupão felpudo, apanhou-a delicadamente e exclamou:
— Oh!... Que linda você está hoje! E apertou a rosa branca no peito. Levou-a para dentro e a colocou num jarro com água descartando a outra rosa que recebera no dia anterior. Vestiu-se e tomou café, enquanto ainda estava na mesa ouviu chamar seu nome lá fora, reconheceu a voz amigável de sempre.
— Oi Léo já vou! Abriu a porta deixando transparecer o vaso em cima do aparador.
— Um! Resmungou Léo, essa rosa de novo... será que o cara não cansa?
— Deixa Léo, ele é romântico. Ai como você é chato... é tão linda! Quisera eu poder saber quem é esse cavalheiro das rosas... e suspirou enquanto trancava a porta para ir a faculdade.
— Olá dona Lídia! Cumprimentou uma amável senhora vizinha. Apesar da idade bem avançada, era linda! Tinha mente de jovem em um corpo envelhecido, cheia de planos...
— Bom dia querida! Respondeu o cumprimento sorrindo, Léo fez que sim com a cabeça cumprimentando também.
— Quem é?
— Minha vizinha D.Lídia uma graça de pessoa.
— Nunca a vi.
— É ela não sai muito, a idade sabe, problema nas pernas.
Seguiram para a faculdade enganchados um no outro, Bia ia pulando fazendo desengonçar os passos de Leo que reclamava mas gostava.
Meses se passaram e a mesma coisa acontecia todos os dias, as rosas sempre estavam lá, na varanda.
* * *
Bia perdera o sono naquela noite, sonhando com Tiago, o menino da escola. Remexia-se na cama sem parar, não conseguia dormir, levantou-se. Ainda era bem cedo, resolveu ir até a porta para ver se rosa já estava lá, olhou devagar pela fresta da porta sem fazer barulho, e assustou-se com um vulto negro em sua varanda, recuou, mas fixou os olhos de curiosidade, será que enfim ela descobriria quem era seu cavalheiro? A luz trêmula do poste iluminou seu rosto devagar, dissipando a sombra que o mascarava.
— Oh! Exclamou Bia baixinho! Tomou-se de surpresa, espanto e ao mesmo tempo contentamento. Era Tiago, sim era ele segurando a rosa, assustado a olhar para os lados. Foi quando viu, sair no portão, Dona Lídia, resmungando. Correu, deixando cair a rosa na calçada.
Bia abriu a porta surpresa, mas não pôde alcançá-lo. Dona Lídia encontrava-se parada em frente à varanda com cara amarrada, como que desaprovando a atitude de Tiago, não disse palavra e recolheu-se para sua casinha.
Bia estava decidida a procurar Tiago assim que o dia amanhecesse na faculdade.
Não esperou Léo, bem cedo já estava na porta da faculdade a esperar. Tiago chegou esbaforido parecendo estar fugindo da polícia. Bia foi ao seu encontro, e ficou parada na sua frente sem conseguir dizer nada, pois a voz não saía.
— Olha sobre hoje Bia... me desculpa ta.
— Não!... Não precisa se desculpar ,Tiago,... eu gostei, aliás... eu gosto.
— Ah! Ele sorriu – Então tá, se você gosta, ótimo. Ela sorriu acanhada.
— Ah! Pra me desculpar, olha, hoje vai ter uma festinha lá em casa, se você quiser ir vai ser legal!
— Ótimo! Respondeu ela eufórica.— Bem...quero dizer... quero sim obrigada.
— Tá, a gente se vê — e a deixou sem mais.
Ela suspirou profundamente, seguindo-o com os olhos, surpresa de que ele sabia seu nome. Enfim encontrara seu cavalheiro das rosas, só sentiu-o um tanto frio, mas deixou pra lá.
A noite chegou e a festa estava bombando, muita bebida, gente esquisita, meninas extravagantes e vulgares, não gostou do que viu, mas, entrou mesmo assim. Tiago veio esbarrando com um copo de bebida na mão e deixou com ela — bebe... é bom — já estava bêbado.
Ela engoliu o copo sem saber o que era — puxa forte! Resmungou enquanto sua língua queimava. Tiago se esfregava com uma menina, encostado na caixa de som que explodia nos ouvidos de Bia. Deslocada, bebia um copo atrás do outro e começou a passar mal, a sala rodopiava enquanto via passar depressa os rostos das pessoas que riam dela sem dó.
Conseguiu com muito custo chegar ao jardim e caiu sobre um banco de balanço. Foi quando sentiu um corpo quente abraçando-lhe com força beijá- la, teve um calafrio na espinha, algo que nunca sentira antes, foi mágico.
— Tiago! Sussurrou ela depois do beijo e desfaleceu. Léo entrou pela porta da frente esbaforido procurando por Bia, sentia que ela estava em apuros, soube da festa e como não encontrou Bia pelo telefone nem em casa imaginou que ela estivesse lá, resolveu procurá-la pois sabia que, com Tiago, ela estaria em apuros.
Entrou no jardim e encontrou Tiago em pé ao lado de Bia a observa- la.
— Idiota! Xingou Léo, sai daí! E pegando-a no colo levou-a para sua casa.
* * *
— Como está querida? Perguntou D.Nina para Bia que dormira em sua casa, já que não tinha condições de ficar sozinha.
— Ai D. Nina... desculpa... tô sem graça. Nossa que dor de cabeça!
— Imagina Bia, não precisa se desculpar, você é de casa — D. Nina gostava muito de Bia, ela fazia bem ao seu filho, isso era muito bom para os dois.
— Vamos querida... tome um banho e depois venha tomar café conosco, hoje é Domingo, fazemos questão de que passe esse dia conosco.
— E Aí... como vai nossa dorminhoca? Perguntou Leo encostado no batente da porta.
— Ai Léo! Choramingou Bia e abriu os braços para ganhar um abraço, desandando a chorar. D. Nina saiu de mansinho do quarto — Afinal, pensou: — Coisa de jovens, não é da minha conta. — E sorriu deixando-os ali.
Semana de festa na faculdade, os alunos estavam em polvorosa. Bia não encarava Tiago, estava confusa, não conseguia entender porque as rosas ainda continuavam a chegar se ele sequer lhe dirigia a palavra, e ainda tinha o beijo. Sentia-se mal, decidiu chegar nele e conversar, parou em sua frente como uma estátua e ficou ali:
— Que foi garota, tá doida? Disse friamente.
— Por que você está fazendo isso comigo Ti?
— Sei lá, não estou fazendo nada.
— Se você me ama pode dizer, não precisa ficar envergonhado.
— Garota, cai na real, eu não sinto nada por você, que doida! E saiu resmungando, deixando-a pior ainda.
A festa acontecera à noite, num clube próximo, houve muita bebida e o local era longe da cidade.
* * *
Bia chegou triste aquele dia na faculdade, estranhou por ter tão pouca gente.
— Deve ser a festa. Pensou. — O pessoal faltou, todo mundo cansado. Havia uma rodinha de meninas ao lado do portão da frente onde Bia, não conseguiu deixar de ouvir que houvera um acidente na véspera.
— Que aconteceu gente? Não estou sabendo de nada?
— Se não sabe?! O carro do Tiago... capotou na volta da festa!, morreram três!
— E o Tiago?
— Infelizmente ele era um dos três. Bia sentiu a visão turvar e, aparentando que ia desmaiar, foi amparada pelas meninas da sua sala. Refez-se e saiu para ir ao enterro. Estavam todos lá, ela chorava compulsivamente. Léo estava lá e foi ao seu encontro apertando-a em um abraço.
— Calma... Disse ele gentilmente, enquanto ela se esvaia em lágrimas.
* * *
O dia seguinte chegou com muito pesar, Bia vestiu-se e sem nenhuma expectativa, abriu a porta... para sua surpresa, ela estava lá, a rosa, branca, mórbida e pálida. Desesperou-se e, feito louca, despedaçou-a enquanto os espinhos arranhavam suas mãos finas e delicadas. Léo vinha chegando e a pegou no chão em pranto, com as mãos sangrando.
— Que brincadeira mais sem graça Léo... por que estão fazendo isso comigo? E chorava.
— Calma, tranqüilizou ele, talvez não seja brincadeira Bia, talvez não fosse ele... pense! Ela não quis conversa fechou a porta atrás dela e ficou ali trancada por dias, sem sair.
* * *
— Nosso filho está triste Manoel... disse Nina, à mesa do café da manhã, ao seu amado marido, — Tem meses que estou vendo isso meu bem.
— Também senti Nina... não é mais meu garoto de sempre... não sorri mais... acho que vou conversar com ele, Nina, o que acha?
— Não sei, meu velho... talvez seja melhor esperar mais um pouco... pode ser coisa da idade, vai passar.
— Pode ser. Foram interrompidos por Léo que já estava de pé.
— Tão cedo meu filho! Que houve caiu da cama? Tinha um sorriso triste nos lábios e aproximando-se jogou um papel sobre a mesa. Sentou-se.
— Que é isso meu filho?
— Passei pai, no concurso de bolsas, agora posso estudar de graça, sem gastos para o senhor, só que vou ter que morar fora, bem longe.
— Filho — respondeu o pai sorrindo de leve e afagando o seu ombro — fico feliz por você, sabe que temos orgulho... acontece que não é sacrifício nenhum pagar faculdade pra você, gostamos de que a família fique sempre unida, mas... bem... faça o que for melhor pra você, filho, nós te apoiamos.
— Já decidi pai, vou embora, com exceção de vocês, nada me prende a essa cidade, vai ser bom pra mim respirar novos ares. A mãe fez cara de choro, mas, se segurou, Léo não pode deixar de notar e apertou sua mão com carinho beijando-a.
— Ah Minha mãe! E suspirou triste.
* * *
Ainda era madrugada, D. Lídia encontrou Bia de roupão sentada na frente de sua varanda com a rosa branca murcha nas mãos, estava desolada, digna de dó, as olheiras tomavam conta do rosto da menina que já não tinha forças para levantar dali.
— Que é isso minha filha, coragem! Sentou-se ao seu lado chacoalhando-a num abraço.
— Não sei o que está acontecendo D. Lídia, estou sem entender nada... não tenho mais forças... se era o Tiago que me mandava as rosas, porque elas continuam vindo se ele não esta mais aqui? Porque eu não consigo parar de pensar nessa pessoa que me manda as rosas?... Estou cansada.
A senhora segurou seu queixo firme e fixou seus olhos nos dela:
— Querida, acorde! Pense bem, será que esse moço, o Tiago, naquele dia, estava colocando a rosa na sua varanda ou a estava roubando? Se era ele, por que não se declarou? Por que lhe fez tão mal? Sabe filha, às vezes a felicidade está a um passo de distância de nós e ficamos procurando-a quilômetros à frente, enquanto ela está tão perto que se tateássemos a acharíamos. Pense! Quem é que está sempre ao seu lado? Que te faz bem? Confia seu colo sempre que você precisa? Está lá toda vez que se mete em apuros? Que lhe faz sorrir entre as lágrimas, que segura seus lamentos, e olha que devem ser muitos hein! sorriram... Será que esse coraçãozinho não está enganado, não? Talvez esteja procurando no lugar errado querida, olhe bem dentro de você mesma e vai encontrar a resposta que tanto procura. Beijou-a no rosto ternamente e a deixou ali com seus pensamentos.
Na casa de Léo, sua mãe acabara de preparar sua mala para a viagem, estava tudo pronto para partir, o ônibus sairia para a capital em poucas horas e ele não queria se atrasar. Não disse nada a Bia, não tinha coragem. Não conversavam havia dias.
Bia ainda se encontrava sentada no mesmo lugar a observar a rosa do dia anterior, quando num estalo, pensou:
— A rosa! Não chegou hoje! Somente uma pessoa veio a sua mente, Léo. Correu para dentro, pegou a primeira roupa que viu pela frente e foi a casa dele, voando.
— D. Nina! Entrou, gritando afobada!
— Que foi filha!
— O Léo cadê ele? E ficou a procurar com os olhos tentando enxergá-lo nos cômodos da casa.
— Ah filha! Você não está sabendo? Respondeu tristemente.
— Do quê? Aconteceu alguma coisa?
— Coisa boa... eu acho... meu bem... ele passou num concurso de bolsas na capital, foi pra rodoviária há uma meia hora atrás pegar o ônibus, já deve ter embarcado!
— Não D. Nina... ele não pode ir embora! Eu preciso lhe dizer uma coisa muito importante! Ai o que eu faço agora?
— Vamos filha! Eu te levo! Disse seu Manoel ajeitando a cinta e arregaçando as mangas da velha camisa como se estivesse se preparando para uma guerra. Entraram no carro os três e correram até a rodoviária, ela desembarcou primeiro e saiu na frente quando viu o ônibus sumindo devagar, tentou correr atrás dele mas ele não parou, ficou ali na plataforma desolada a se lamentar...quando do outro lado da pista reconheceu um vulto parado em pé a observá-la de longe, era ele, era Léo, ele reconheceu o carro dos pais a chegar na estação e não embarcou, sentiu que algo bom estava para acontecer.
Bia abriu um largo sorriso e correu ao seu encontro pulando no seu pescoço toda estabanada, abraçaram-se demoradamente...
— Meu cavalheiro das rosas... era você esse tempo todo! Ele fez que sim com a cabeça e apertando-a com seus braços fortes beijou-a ternamente, o que ela retribuiu. Sentiu um calafrio conhecido e olhou-o com espanto:
— O beijo! Na festa... também era você!! Ele piscou e sorriu...
— Eu te amo Bia... esse tempo todo... só não sabia como fazê-la entender isso... me perdoe se de alguma forma eu te fiz sofrer... Ela sorriu satisfeita — Eu também te amo Léo... esse tempo todo... só não sabia ainda! E fechou os olhos para receber outro beijo.
— Parecem nós dois meu bem, se lembra? Perguntou Nina ao marido enquanto observavam os dois com satisfação. — É, minha querida, a história deles está só começando, faço votos de que ela seja tão rica e abençoada como a nossa e beijou-a na testa.
* * *
No dia seguinte, Bia abriu a porta feliz e sorriu com prazer ao ver Leo parado a sua porta segurando uma rosa branca e tendo um sorriso maroto nos lábios, correu ao seu encontro com todo amor que havia em seu coração e ficaram ali a rodopiar pelo ar. Pararam por um instante e Léo pode ver D. Lídia a sorrir satisfeita do portão enferrujado que dava para a velha casinha onde morava havia tantos anos, piscou para ela sem que Bia notasse, o que ela retribuiu, demonstrando aprovação. Recolhendo-se, foi até seu jardim cuidar para que as rosas brancas que ela gentilmente cedia todos os dias para Léo, não murchassem e estivessem sempre belas para ajudá-lo a concluir seu plano, formando um complô eficaz... o complô do amor.