Papai Noel existe...
Papai Noel existe...
Lucas estava desiludido. Todo final de ano era a mesma coisa, esperava com muita ansiedade o dia de Natal e jamais teve seu pedido atendido por Papai Noel.
Naquele ano diferente dos outros, não escreveu a cartinha e não pediu para sua mãe rezar com ele durante a noite para fazer o mesmo pedido. No dia 20 de dezembro, as aulas terminaram e Lucas finalmente de férias desabafou para sua avó ao chegar a casa: - Agora é só ficar em casa, assistindo TV e esperar a mamãe chegar do trabalho, todos os dias. A avó o convidou para arrumar a árvore de Natal. Juntos colocaram os enfeites. Na caixa de enfeites permaneceu um Papai Noel, o menino insistia em não retirá-lo da caixa para pendurar na árvore com o seguinte argumento: - Papai Noel não existe... Ele só me traz presentes que eu não peço: carrinho, patinete, vídeo-game, bicicleta. Duas lágrimas brilharam nos olhos da avó, que as reteve. Lucas não percebeu.
Chegou afinal à véspera de Natal. Lucas com sua mãe, avó, tia, tio, primos e primas participaram do culto na igreja que freqüentavam. Orou, orou, orou e pediu baixinho, mais uma vez que fosse atendido. Sua família voltou para casa. A meia-noite fizeram a tradicional ceia e foram dormir.
Na manhã seguinte, Lucas acordou bem tarde, olhou a árvore de Natal e lá achou seu presente. Pensou consigo mesmo: “Ele se esqueceu de mim, e me mandou uma bola, o que eu posso fazer?” Pegou a bola e foi para o quintal brincar com os primos Marcos e Mateus. Já estavam brincando há algum tempo, quando viram pela grade do portão, um táxi parar. Um homem alto, moreno, magro, desceu e bateu palmas. Os meninos vieram atender. Ele sorria e perguntou: - Qual de vocês é o Lucas? Marcos apontou para o primo. Lucas olhou para o homem que sorria para ele e perguntou: - Eu te conheço? O homem sorriu e falou: - Não se lembra de mim? Lucas, pensou, coçou a cabeça e respondeu: - Não. O homem falou: - Faz muito tempo que não te vejo, eu costumava pegá-lo no colo e abraçá-lo bem apertado. Lucas ficou procurando na memória para saber quem era, não conseguiu.
A avó de Lucas, Dona Sebastiana apareceu na porta da sala e veio sorrindo: - Como vai?,Vamos entrar? O desconhecido acompanhou Dona Sebastiana, os meninos foram atrás curiosos. Sentado no sofá da sala, ele entregou para Lucas um pequeno presente que tirou da sacola. Lucas abriu com os olhos brilhando. Achou diferente o presente que recebera, uma pequena bíblia de bolso. Agradeceu e começou a folheá-la. Pensou: “as letrinhas são bem pequenas, mas poderei acompanhar o pastor no culto. A mãe de Lucas apareceu na sala, parecia que ia a uma festa, estava toda arrumada, com vestido de sair, sapato de salto e maquiada. Ao ver o homem que chegara e estava na sala, correu e jogou-se em seus braços. Soluçavam os dois de emoção.Tanto tempo ... Finalmente, ele voltara, tinha tido um passado longo duro e sofrido. Ele melhor que ninguém sabia como era triste, e contar dos segundos, minutos na madrugada. As horas de solidão, angústia e terror tinham se acabado. Quem sabe um milagre poderia acontecer em sua vida? Tinha esperança de poder recomeçar.
Aos poucos, na lembrança de Lucas, a voz, o sorriso e os gestos do desconhecido foram se recompondo, como uma antiga visão guardada no fundo da alma. Ele correu e abraçou o pai, que não via há oito anos. Chorava sem parar, emocionado, feliz.
A mãe guardara a surpresa, queria que Lucas recebesse como um presente de Noel, a volta do pai. Josias tinha sido agraciado com o indulto de Natal e estava livre para recomeçar. Lucas finalmente teve seu pedido atendido, e naquela noite agradeceu a Deus, ao Papai Noel, aos anjos.