ZÉ SIMPLÍCIO E O CORONÉ

Era vesta na fazenda do Coronel Praxedes. Casada, a filha mais velha, mesa posta, vestido de gibão e espora no pé, Zé Simplício acomodou-se numa das cabeceiras da mesa. O Coronel, sentindo-se ofendido, cochichou-lhe ao ouvido: “De dois mês pra cá, tô lhe pagando em dinheiro, e você não comprou um paletó?”

Sem nada dizer, o convidado levantou-se. Lembrara-se de que, há poucos meses, um vaqueiro da fazenda vizinha havia se casado; portanto, possuía um terno e, quem sabe, emprestaria. Hora e meia depois, Simplício retornou de terno e gravata. Sentou-se e começou a encher os bolsos do paletó com carne, arroz e tudo da mesa. O Coronel, bufando de raiva, gritou:

- Simplício, ora essa! Por que você não come?!

- Como não, Coroné! Eu não fui convidado; meu paletó é que foi. Intão, é ele quem deve cumê!

Adalberto Lima. Senda de Flores e Espinhos