SURPRESA Ver a imagem no tamanho original.DESAGRADAVEL
QUEM é que não gosta de surpresas?Pois,a protagonista desta estória não gostou.Ou,melhor,foi buscar lã e saiu tosquiada.
D.Amanda,esposa cuidadosa do Seu Barbosa,não compreendia as enxaquecas freqüentes do marido.No leito conjugal,enxaquecas são privilegios das esposas,e,a maneira como ele lhe pedia: -Querida,não me chames,nem deixes ninguém me incomodar;logo que melhore,eu sairei.quero ficar isolado.
E,com a mão na chave do “quarto das enxaquecas”,como ela chamava,entrava e chaveava a porta.
D.Amanda realmente não entendia.
Advogado famoso,ainda jovem,sem problemas de saúde,vivia numa casa grande,com dezenas de cômodos,uma bela esposa,o que faltava ao Barbosa!?Aquelas enxaquecas!Aí tem dente de coelho.
O quarto onde o doutor se refugiava várias vezes por mes,ficava nos fundos da casa,dando para um quintal com árvores frondosas,ao lado,exatamente daquele onde dormia a bela Diana,uma morena estonteante,governante dos filhos do casal.Por isto,aquela senhora honestíssima começou a desconfiar das tais dores de cabeça do marido,enfurnado a noite toda nesse quarto,já que ela estava começando a sentir a sua cabeça pesada.
Certa noite,o advogado entrou em casa pálido,as mãos na cabeça,abatido,trocou de roupa e foi logo avisando:
-Vou me meter no quarto.não me chames.Não,não quero jantar.
E trancou-se,como de costume.
D.Amanda,mordeu o dedinho e pensou o que pensaria qualquer boa esposa:
-Aqui há mouros na costa!Deixa estar que tu me pagas.
Levantou-se da cadeira,os dentes rilhando de raiva,jantou sozinha,como sempre,foi beijar os filhos que a babá estava pondo prá dormir e ficou a assistir á novela.Quando os criados se recolheram,tudo serenou na mansão,ela chamou a governanta-Diana,toma este dinheiro de presente;tira a noite de folga;vai ao cinema,passear com as amigas,o que quiser.Passa a noite com sua mãe,ela não está adoentada?Outra coisa,não fale a ninguém que lhe dei folga,senão ,todos vão querer;sai caladinha e volta amanhã cedo.
Amanda esperou uns dez minutos depois que a mocinha saiu,e,foi ao quarto dela;despiu-se,vestiu a camisola que encontrou sobre a cama,ainda perfumada á patchuli,apagou a luz e ficou quietinha deitada.
Á meia-noite,ouviu o carrilhão da sala dar as horas,uma a uma,quando um vulto,de cueca,empurrou  bem devagarinho a porta que dava para o quintal.
A raiva da esposa era tanta que ela quis garguelar o sujeito ali mesmo;mas,não!Ela queria averiguar tudo,registrar tudo,iria até o fim;cobriu o rosto com um véu,que encontrou debaixo do travesseiro e,contendo a respiração esperou os acontecimentos.O quarto estava como um breu.
Como quem já sabia o que fazer,o vulto sentou-se á beira da cama e,suas mãos carinhosas tatearam os ombros,os seios,as coxas,os cabelos de Amanda.que mal continha o ódio de esposa traída.Com ela,o doutor nunca teve desses carinhos.Calma!Era preciso esperar mais e ela esperou;tranqüilo,o vulto enlaçou seu corpo no dela;beijos quentes e sensuais cobriram seu corpo;ambos ofegavam;amaram-se como dois pagões,como diria o Chico.
Era hora da desforra.Irônica,a moça descobriu o rosto,afogueada,cega de ódio,a voz quebrada,uma tensão incontrolável nos nervos retesados:
-Então,safado,por essa não esperavas,não é cretino!?
Trêmulo,tartamudeante,o homem respondeu:
-Nnnão,patroa,por favor,me desculpe;ai,meu Deus!
Era o chofer.
 
 
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 07/12/2008
Código do texto: T1323097
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