FACADAS NO TERMINAL RODOVIÁRIO
FACADAS NO TERMINAL RODOVIÁRIO
Caim foi um menino bem comportado. Perdeu o pai muito cedo. Foi criado pela mãe. Estudou na escola onde a sua mãe trabalhava como servente. Não saiu da 6,a série do ensino fundamental. Caim tinha boa aparência, era loiro como o pai. E as meninas gostavam dele na escola. A cidade em que Caim foi criado era pequena. Uma cidade de fronteira com o Estado de São Paulo. Caim com 14 anos começou a fazer amigos. Ele não os escolhia. A cidade não oferecia muitas opções de emprego. E o rapaz logo começou a beber e usar drogas junto com os outros meninos de sua idade.
Certa vez o irmão de seu pai, que lidava com um punhado de coisas, venda de frutas, bóias-frias, rolo de animais, etc., resolve levar o rapaz para sua casa. Numa outra cidade do Paraná. Com ele vieram vários meninos. O tio de Caim, queria o serviço, mas pagava muito mal e a maioria de meninos voltaram. Caim e mais um moreninho ficaram. Longe da mãe, Caim tinha mais liberdade. E andou por todo o estado. Viajou, cresceu, aprendeu rapidamente a malandragem. Ele saía do tio e voltava. Agora com vinte anos, Caim resolve viver amigavelmente com uma moça. E volta para a casa do tio. Encontra o amigo Abel, o moreninho. E então voltaram às farras. Muita bebida, muita droga. Até que um dia caíram na cadeia. Ficaram lá um bom tempo. Abel por ter bom comportamento logo deixa a cadeia. Abel já era amigo da companheira de Caim e começou a freqüentar a sua casa. Não demorou muito começaram um romance. Caim ficou sabendo. E mandou ameaçar Abel. Abel não teve medo, pelo contrário começou a passar pela cadeia e insultar Caim.
- Aí chifrudo, agora ela está com o homem que ela gosta! – eram os insultos constantes de Abel.
Caim, muito nervoso não via a hora de sair para poder se vingar daquele amigo “traíra”. Quando Caim saiu da cadeia, procurou Abel, tiveram um bate boca, mas com medo de voltar para a cadeia não brigaram. Marcaram um encontro futuro.
Caim não saía do terminal rodoviário da pequena cidade. Ali ele bebia até tarde da noite. Caim não tinha dinheiro, mas sempre havia alguém pagando um trago.
Certo dia, Caim, já estava bem embriagado, aparece Abel, já bem tomado também. E discutiram dentro do terminal. Ali mesmo no bar se atracaram. A faca de Abel lhe cai da mão. Caim chuta essa faca para longe e com a sua faca de açougueiro, dá um golpe nas costa de Abel. Abel corre para fora e é alcançado por Caim, que começa a golpeá-lo. Foram sete facadas. A última foi no coração. Caim foge. Abel tinha sido socorrido e levado para o hospital onde veio a falecer. Caim foi pego fugindo para Carlópolis. Foram dois julgamentos para que Caim pagasse sua pena. Um astuto promotor acusou e uma bela juíza leu a sentença dando a Caim 7 anos de reclusão.
Theo Padilha, 5 de dezembro de 2008