Lápide e Epitáfio
Foi um preço muito alto que pagara. Não tinha volta, pensou. Apressado entrou no carro,um longo suspiro,mistura de ansiedade e enjôo lhe embolavam o estômago.As pernas já não obedeciam aos comandos de partida.Precisava seguir.Finalmente rumou para aquele que seria seu angustiante destino.Sua cabeça doía,cada latejar lhe cobrava um acelerar,que fosse agora.
Rápidos cenários riscavam como relâmpagos casa e prédios eram imagens confusas aos seus olhos e nem conseguia perceber a velocidade que dirigia. Parecia querer chegar onde sua alma já o esperava. Um corpo sem alma.
Trinta e cinco minutos passaram, parou numa rua lateral do Cemitério Abandonado da cidade, na madrugada o silêncio era o som mais audível e a rara iluminação favorecia o ambiente soturno e assustador. O cheiro de algumas flores recentes nalgumas sepulturas misturado com o cheiro vindo da velha árvore de jasmim aumentavam em muito seu nausear.
Esguierando entre túmulos parou próxima a Capela, acomodou-se meio aos escombros e amontoado de folha secas. Já não conseguia respirar. Em minutos que pareceram horas sua turva visão foi clareando o suficiente para ver o que nunca esqueceria e antes não acreditara. Ajustou os óculos no rosto transtornado pela humilhante constatação. Sobre o túmulo descoberto poucos metros a frente, em cima da Lápide de Mármore grafada com registros dos mortos de sua família, inclusive um filho que perdera recentemente, extasiavam-se,
Prendeu a curta respiração.
Dois secos estampidos.
Seguidos de silêncio.
Na Delegacia um estridente telefone gritou. Eram exatas seis horas, dia nascendo.
_ Bom dia Quarta DP.
_
_ Sim, registrado.
Na seqüência o ruído de uma Sirene, ao longe um olhar que beira a dor e a razoabilidade. Tênue linha entre a lucidez e a Loucura.