Amizade?

Ele estava atrasado para o encontro e ela já esperava por isso, talvez nem viesse, ultimamente ele andava assim meio frio, distante, e ela sabia mais ou menos o porque; Cristina a namorada dele não a suportava, deu de ombros, azar, não tinha nada à ver com isso, nunca fizera nada para atrapalhar os dois, a Cristina que era nojentinha, com aquele ciúmes idiota. Agora se Cristina não gostava dela por ela tudo bem, o que ela não entendia era essa frieza da parte dele, pô uma coisa não tem nada a haver com a outra, eram amigos, só amigos e pronto, Pensou irritada olhando para o relógio.

Já estava quase desistindo de esperá-lo, quando ele despontou na esquina, com aquele andar tranqüilo como se nada no mundo o preocupasse. Ela meneou a cabeça, vê se pode ela o esperando o maior tempão, e ele com aquela calma toda.

Mas era assim o Eduardo desde que se conheceram há um ano atrás na aula de yoga, ela se lembrou de como ficou admirada com aquele homem que mais parecia um parceiro de aula do que um professor. Calmo, tranqüilo, nunca dava uma ordem apenas perguntava, sugeria, e ela achavando que não agüentaria mais que um mês de aula, acabou se tornando umas das alunas mais freqüentes. Passou a gostar da tranqüilidade dos movimentos, da respiração ritmada, tudo graças a ele seu professor e amigo.

Ele se aproximou dela e sorriu, não o sorriso transparente e sincero que costumava dar, mas um sorriso amarelo, triste; Ela percebeu na hora, mas antes que dissesse qualquer coisa, ele falou:

-A Cris terminou comigo.

Ela olhou para ele e não soube o que dizer. E ficaram assim um olhando para o outro em silêncio.

Droga o que ela tinha a ver com isso?

-Sei; Foi a única coisa que conseguiu dizer.

Ele continuou a fita-la como se quisesse ler a sua alma.

-Brigamos por sua causa; Ele falou quebrando o silêncio, mas não havia nenhum tipo de acusação na sua voz.

-Não entendo; Disse ela, sendo absolutamente sincera; Não é primeira vez que isso acontece comigo, só queria entender o porque; Disse isso mais para si mesma, sentando- se no chão.

Ele sentou-se também defronte dela segurou suas mãos e falou:

-Porque você é maravilhosa.

-Por favor, demagogia não.

-Não, não é isso Sabrina, é que é impossível te conhecer de perto e não se envolver com você.

-O que você esta querendo dizer? Que esta apaixonado por mim? Porque isso é impossível, você simplesmente não vive sem a Cristina.

-Não, não é paixão, é só que estamos envolvidos demais.

-Somos amigos Eduardo, amigos de verdade, sabe? Como irmãos.

Ele meneou a cabeça um tanto confuso,

-Eu não sei se isso é certo.

-O que poderia ser errado Edu? É só amizade.

-Uma amizade forte demais não acha?

-Não, não acho não; Respondeu num tom mais alto do que pretendia.

-Por favor, Sabrina tente entender; Havia um tom de súplica na sua voz; sempre estamos juntos, fazemos praticamente tudo juntos, e quando faço algo sozinho, sabe, sei lá quando ando de baike, quando leio um determinado livro, logo penso em você, logo imagino que você gostaria de estar pegando uma estrada ou de estar lendo o mesmo livro, ou...

-É que gostamos das mesmas coisas, droga.

-Mas não devia ser assim. Ela ia revidar, mas ele a interrompeu e continuou:

-Meu Deus, disse passando os dedos pelos cabelos, às vezes penso mais em você do que na minha própia namorada.

- ...

-Eu amo a Cris, Sabrina.

-Se tem certeza disso porque tem medo de mim, de ser meu amigo?

-Eu não sei; Disse isso num sussurro quase inaudível, eu só sei que a Cris tem razão de não gostar da nossa amizade, de ficar chateada comigo, eu iria agir da mesma forma se ela se envolvesse com um homem assim.

-Ah, então o problema é esse, o sexo, é isso? Quero dizer, se eu fosse um homem não teria problema nenhum a nossa amizade, agora porque eu sou mulher e você é um homem é errado. Pelo amor de Deus, Eduardo; Disse exasperada. Isso são conceitos impostos pela sociedade, essa história de que não existe amizade verdadeira entre homens e mulheres. Ele apenas meneou a cabeça, e disse:

-Pode ser, mas tudo na vida exirge sacrifícios e é necessário optarmos, a Cris não vai aceitar essa situação e eu não quero perdê-la, entende?

-Entendo; Respondeu num fio de voz.

Entre a amizade dela e o namoro, ele ia optar pelo namoro, é claro.

-Eu sabia que você entenderia; Ele falou sério passando a mão pelo rosto dela e lhe dando um beijo na testa, se levantou e se afastou devagar, deixando-a ali sentada no chão, pondo um ponto final numa amizade. (continua)

sutini
Enviado por sutini em 26/11/2008
Reeditado em 20/01/2009
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