Agulha de Crochê
Este texto é em homenagem a minha esposa Terezinha.
Trata-se de um relato ocorrido na semana passada, ocasião em que fomos para a chácara em companhia de sua mãe Angelina e seu irmão José.
Como de costume, ela prepara com antecedência seus apetrechos de passatempo para levar, e o crochê invariavelmente está entre eles.
Tudo normal, se a Terezinha não andasse um tanto quanto esquecida.
Ao chegarmos lá, ela percebeu que não estava entre seus pertences, sua agulha de crochê.
No dia seguinte, sem saber do ocorrido, fui até a cidade mais próxima, e ao retornar ela falou muito decepcionada: “Puxa Paulo que pena, esqueci de encomendar a compra de uma agulha”. Percebi o quanto ela estava decepcionada.
No entanto, ela não se deu por vencida. Após o almoço, percebi que ela estava inquieta. Pegou uma faca de cozinha, cortou umas hastes de bambu fino e começou a lapidá-las. Só então me dei conta da importância que aquela agulha representava.
Confesso que não estava disposto a retornar a cidade, só por conta de uma agulha, considerando a distância e a quantidade de grama eu e o José tínhamos que aparar.
Saí a procura de algum material que pudesse auxiliá-la. Por sorte, encontrei um pedaço de fio de alumínio, bastante torto.
Imediatamente passei a “trabalhar” aquele pedaço de arame com o intuito de transformá-lo em algo semelhante a uma agulha de crochê.
Com o uso de um martelo, lima e um pouco de “habilidade”, em pouco tempo apresentei a ela sua “nova ferramenta de trabalho”. Surpresa, e após alguns “testes” ela sorrindo, fez sinal de aprovação dizendo: “Ficou 10!!, obrigada”.
Bom, o “acabamento” ficou por conta dela, o que ela fez com muito cuidado, seguindo minha recomendação, pois outro pedaço de metal como aquele seria raro encontrar.
Naquela tarde, como nas duas seguintes, ela sentou à sombra de seu pé de primavera e confeccionou muito contente o seu tapete.
A satisfação era nítida, estampada em seu rosto, em poder realizar um de seus melhores passatempos.
“Assim é a Vida”, diria sabiamente a poetisa Rejane Chica. Devemos procurar transformar as pequenas dificuldades em aprendizado. Até mesmo como preparação para os obstáculos maiores que a vida sempre nos prepara.
Obrigado Terezinha, pela oportunidade de aprender mais uma lição através de sua perseverança. E a você, amiga Chica, pela fonte de inspiração ao escrever este relato. Você que através de seus textos procura extrair as mais belas lições das coisas mais singelas da vida.