POR QUASE NADA/PERDIDO

POR QUASE NADA

Pra ela, que usava blusa de lã com estrelas pequenas e douradas bordadas no lado esquerdo do peito, poderia permanecer ligado.

Pra ele, deveria ser desligado imediatamente, pois vinha do interior do Brasil, metido numa bermuda jeans esfolada e camiseta.

Entre desligar o ar condicionado do ônibus ou não, houve um bate-boca danado.

E a raça humana-por quase nada-na pele dos dois personagens, deu mostras mais uma vez de egoísmo, intolerância e vileza.

PERDIDO

Ela se perdeu por entre as prateleiras do hipermercado.

De repente, parei pra ver o preço de uma bandeja de yogurte, e ela, feito um pássaro agilíssimo, fugiu do meu campo de visão.

Transformou-se num cacho de uva itália? Liquifez-se e virou cerveja?

Ela se perdeu por entre as prateleiras, e quem ficou perdido, mais uma vez, fui eu.

CAIO DUARTE
Enviado por CAIO DUARTE em 03/11/2008
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