O Menino a Velha e o Carneiro

Após um cansativo dia de trabalho no campo, dois amigos e colegas voltavam para cidade onde estavam hospedados. O carro deslizava tranqüilo, sem pressa na estrada, quando avistaram um garoto em frente a uma casa, pedindo carona. O colega fez sinal e o motorista parou o carro. Era costume de eles darem carona a gente humilde e necessitada. Em seguida abriu a porta e o mandou entrar. O menino pediu para esperar um pouco, pois a sua avó também queria a carona. Aí, o garoto gritou:

- Vó, venha depressa que os moços estão com pressa e não podem esperar muito tempo..

Mesmo assim, a mulher demorou uns cinco minutos. Fechou uma a uma as janelas e depois de trancar a porta da casa, veio andando, se arrastando, devagar. Tinha, aproximadamente, setenta e cinco anos. Chegou e disse que ficaria na cidade, na casa da filha. Quando ela ia entrar no jipe o menino falou:

- Vó a senhora esqueceu o carneiro.

Ela disse:

- Ih! Esqueci mesmo, vou buscar.

Imediatamente, virou-se e seguiu em direção a casa, não dando tem-po de qualquer questionamento sobre a dificuldade de levar um animal no jipe. O motorista foi que menos gostou da idéia de levar. mostrou-se indignado:

- Viajar com um animal no carro era um nojo. O bicho, além de ocupar muito espaço, fede muito e vai acabar sujando todo o jipe.

E continuou:

- Não sou muito a favor de dar carona, muitas vezes por causa disso, e deitou falação. Dirigiu-se ao colega: Você é que tem essa mania! Viajar trinta quilômetros com um bicho fedorento dentro do carro vai ser o fim da picada. Eta! povinho folgado. Além de ganhar carona ainda querem levar um animal junto. Quando ela voltar vamos falar que não podemos levar o carneiro e terá que deixá-lo aqui.

O menino não disse nada, parecia não entender o que o motorista falava. O outro, por sua vez, estava muito mais preocupado em encontrar uma maneira de convencer a mulher a não levar o carneiro.

Depois de esperarem uns dez minutos ela apareceu na porta da casa, mas sem o carneiro. Carregava consigo uma bolsa que não tinha antes. Foi um alivio. Ela desistira de levar o carneiro, pensaram. Isto é muito bom, falou o motorista. Estavam livres da indigesta companhia de um carneiro. Calmamente ela chegou e sem dizer nada, entrou no jipe. Depois que ela se acomodou, o motorista não resistiu e perguntou:

- Cadê o carneiro dona, não vai levá-lo?

Ela tirou da bolsa um bloco de papel e disse:

- Vou sim. Está aqui: é o carneiro do INSS.